Posso ter meu jeito moleca, ser um pouco desorganizada, posso até não ter maturidade suficiente ainda. Disse bem, ainda, ou seja, terei (espero). E por isso sei que algumas pessoas não acreditam que serei mãe, ou até mesmo uma boa mãe, mas essa opinião pra mim é lamentável.
O desejo de adotar uma criança me acompanha a longa data e com o decorrer dos dias, percebo que dificilmente mudarei de ideia tão cedo, ou nunca. Independente de raça, crença, sexo, time de futebol :), o que tenho mesmo vontade é de uma adoção espontânea, melhor dizendo: energética. Para que fique bem claro, explico: uma adoção em que eu possa chegar ao orfanato, olhar cada criança e a que tiver melhor empatia comigo e eu com ela, é claro; aquela que tiver um brilho diferente no olhar, um olhar dizendo, mamãe. Essa sim será minha escolhida. Agora, confesso uma coisa, a única exigência que faço é quanto à idade. Quero recém-nascido, neném ou, no máximo, com um aninho.
Como disse antes, esse desejo me acompanha há algum tempo e durante esses anos tenho me relacionado com: mães que adotam, filhos adotivos e pessoas que, assim como eu, querem adotar.
Conheci uma mãe que adotou um recém-nascido e com ela aconteceu o que comigo quero que aconteça. Ela foi a um orfanato, olhou a criança e se apaixonou. Coincidência tamanha ocorreu quando o marido dela esteve no mesmo orfanato dois dias depois e se apaixonou pela mesma criança. Mal sabiam eles que a criança era cega e tinha um distúrbio cerebral. Mesmo assim, não hesitaram e a adotaram.
Como diz nossa convidete Flávia, a palavra que o Rafa tanto queria encontrar para o significado de adoção é: coragem. Um ato heróico, em que você não faz ideia sobre o final dessa história. Agora fico pensando, se não fosse esse casal, outros adotariam aquela criança com problemas de saúde? Acho difícil ter resposta pra essa pergunta.
Dos filhos adotivos que conheci um deles era super revoltado. A educação mal lhe cabia nas palavras ditas para mãe adotiva; era uma criança birrenta, exigente e muito mimada. Mas só depois de ter uma filha biológica, passou a dar o valor merecido à sua mãe adotiva. Coisas da vida. Viver e aprender.
O outro que conheci, tem orgulho dele e da irmã serem adotados, mas é depressivo, pois sofre por imaginar que muitas crianças não tiveram e não têm a mesma sorte que ele e vivem abandonadas; muitas delas, maltratadas.
Os outros dois irmãos adotivos que conheço, sempre tiveram do bom e do melhor quando criança e agora, depois de crescidinhos, não é diferente. Mas tratam os pais como se fossem pessoas quaisquer.
Quando penso nesses casos, surgem pequenas dúvidas sobre adotar ou não adotar um filho, mas passam.
Conheço também pessoas que querem adotar, assim como eu, mas que, também, têm suas dúvidas, pois ainda são solteiras. Elas pensam que um companheiro facilitaria muito, porque é bom ter alguém pra dividir tudo, inclusive, a educação de um filho.
Algumas dessas pessoas não vêem e eu também não vejo, nenhum problema em ser mãe adotiva solteira. Para criança ter uma mãe e pra mim, que realizarei o grande sonho da minha vida, só vejo felicidade em ter um filho.
Dificuldades todos nós temos e, também, passamos por problemas diários, mas o amor e a força de vontade é tão grande que qualquer barreira fica pequena, pra esse ato de coragem.
Agora, que fique claro uma coisa, é óbvio que pra que isso aconteça, preciso ter uma vida financeira estável, não quero passar por dificuldades.
Não quero luxo, quero conforto. Quero amor, quero um filho.
Por Nina Reis