quinta-feira, 30 de abril de 2020

Idealismo ou egocentrismo???



Tema: cancelamento
Por Rosana Tibúrcio

E não é que fui eu que sugeri esse tema? Motivo devo ter de sobra, não é mesmo? Sim, pode ser, pois há muito tempo venho refletindo sobre essa história do cancelamento. E não, não cheguei a nenhuma conclusão definitiva sobre, mas consigo pontuar algumas impressões que me fazem esbarrar direto no egocentrismo dos canceladores. 

Começo pensando que é muita pretensão alguém gostar ou admirar outra pessoa em cima de uma idealização pessoal. Acontece que pessoas, todas elas, inclusive o cancelador, são sujeitos de altos e baixos, de feiura e lindeza, de defeitos e qualidades. Nesse ponto busco lá longe uma fala de Marília Gabriela em que ela dizia num de seus "De frente com Gabi" que todo mundo é pacote de defeitos e qualidades e que se gostamos de alguém esse gostar abrange aquela outra pessoa como um todo; gostamos do pacote inteiro. Até aí tudo bem, tudo fácil né? Não considero muito difícil e, julgando por mim, creio que outras pessoas podem também  considerar essa compreensão não tá difícil.  

Mas eis que a vida - a vida é uma caixinha de surpresas (lembram desse vídeo?) - nos revela uma ação em que aquela pessoa, objeto de nossa admiração, comete um ato não tão admirável por nós e NOSSA, QUE ESCROTO DO CARALHO, QUE FEIO, QUE NOJO, TÁ CANCELADO!!!

Essa reação é movida pelo egocentrismo que não nos deixa perceber que não há, a mínima possibilidade de alguém ser, exatamente, aquilo que idealizamos. Não há como!!! E é extremamente difícil para o cancelado da vez corresponder às intenções que terceiros têm sobre ele. Não, isso não é o pior!!! Pelo menos para mim não é, foi a outra impressão que tirei de minhas reflexões. O pior é: por qual régua o cancelador mede as ações do cancelado? Pela dele? Cês tão acompanhando??? Essa conta não fecha!!!

E... se seguirmos nessa lógica de minhas impressões após horas e dias de reflexão é como se o egocêntrico idealizasse um mundo todo cheinho de egocentrozinhos feito eles. Porque ele sim, é perfeito!!! Ou alguém já ouvi algo sobre auto cancelamento? Que merda seria essa mundo??? Pior que essa pandemia. Muito mais maléfico!!! 

Praticamente 95% da população brasileira amava e admirava o Dr. Drauzio Varella e eis que um dia, ele abraça uma trans prisioneira que estava há oitos anos sem uma visita da família. O Brasil se comoveu com aquele abraço e, de 95%, pulou para 99,999999% de admiradores do Dr. Drauzio no Brasil. Mas... foi só descobrirem que a trans era uma violenta assassina e estupradora de um menino de nove anos que cancelaram o Dr. Drauzio. Oiii????? O MEU DOUTOR DRÁUZIO??? Se ele não sabia qual o crime ela havia cometido? Cancelamento em consequência de um abraço? Mas né? Os bonequinhos egocêntricos e imbecis certos estavam em cancelar quem só espalha amor nesse mundo de meu Deus. Bando de frouxos, de mimados e insolentes egocêntricos!!! 

Por essas e por outras que eu abomino essa cultura do cancelamento. Coisa chata!!! Aos canceladores envio todo o meu desprezo, pois, definitivamente, eu me recuso a viver num mundo cheio de pessoas arrogantes, egocêntricos e zero defeitos. 

Mas ó puxo fila para cancelar o presidente escroto que uma turma escrota elegeu, afinal, quem disse que meu pensamento é totalmente imutável? Mas isso é papo para outro post.   

Uma linda quinta-feira para todos vocês minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há um convite simples e sincero. Bora cancelar o cancelamento? 



quarta-feira, 29 de abril de 2020

O silêncio é empático

Tema: Cancelamento
Por: Nina Reis

Confesso que não sei por onde começar e nem ao menos sei se fará algum sentido meu texto.

No momento atual em que vivemos me peguei várias vezes criticando quem não riu de uma "piadinha" que pra mim, naquele momento parecia tão boba e pode ser que naquele momento alguém tenha me cancelado.
Só agora a duras penas, começo a entender que o que pra mim parece tranquilo, pro outro é muito pesado, mas assim muito pesado mesmo e que o tal "lugar de fala" tem um papel importantíssimo nos dias de hoje. Quando o contrário acontece e a pessoa do meu lado mexe na minha ferida é que passo a entender que a vontade de cancelar inúmeras pessoas existe e que pimenta no cu dos outros sempre será refresco, isso é real, acredite. Vamos aos exemplos: ela acha que pânico é frescura, que medo de escuro é ridículo, que preocupação com as manchas do rosto é besteira, que beleza só se enquadra em pessoas magras, que corona é apenas uma gripezinha, que mais de cinco pessoas não é aglomeração, que ter vergonha das pernas é perder tempo, xiii tem muitos outros exemplos e esse tipo de pensamento ou comportamento me faz querer cancelar essa pessoa imediatamente, se tenho vontade de cancelar alguém, porque alguém pode não querer me cancelar?
A dica é: sempre, coloque-se sempre no lugar do outro e saiba que engolir um comentário é empático.  
"Histórias, nossas histórias Dias de lutas, dias de glória."

terça-feira, 28 de abril de 2020

É preciso estar atento e forte*

Tema: Cancelamento
Por Rafael Freitas


Eu tenho medo de ser cancelado. Não, não tenho milhões de seguidores, não sou digital influencer, não corro o risco de perder contratos milionários (por que choras, Pugliese?), mas tenho medo de falar alguma bobagem e um print arruinar minha vida.

PODE RIR, GENTE.

_ Nossa, mas que print se você nem posta nada?

Pois é por isso mesmo que não posto nada. Bom, pelo menos nada que possa causar discussões ou polêmicas. Discussões no sentido de brigas, no caso. Não gosto nem ao vivo e a cores, quem dirá nos comentários de alguma postagem nas redes sociais. Porque ver os comentários das pessoas em postagens alheias me causa indignação, depois tristeza.

É só a Preta Gil aparecer de biquíni ou a Vanessa Rosan optar por uma maquiagem mais leve na participante da vez do Esquadrão da Moda que tornam-se alvo de comentários ofensivos, xingamentos, ordens de "não use isso" ou "faça aquilo". Escolhi esses exemplos porque elas têm respostas rápidas, coerentes e confiantes para os desaforados de plantão.

Gente, tá feio. Muito feio. Todos podem ter suas opiniões, claro. Mas o que leva uma pessoa a emitir uma opinião negativa, muitas vezes de forma ofensiva, sem que tenha sido solicitada??? Não entendo.

_ Nossa, mas você não levanta nenhuma bandeira? Não apoia nenhuma causa?

Claro que sim! Sendo professor, não perco uma oportunidade de lutar contra preconceitos e o discurso de ódio. As áreas em que trabalho, Arte e Ensino Religioso, permitem boas discussões sobre a quebra de padrões de beleza, empatia, valorização e respeito à vida, relações de gênero, preconceitos relacionados à sexualidade e racismo. Gosto de pensar que, dessa forma, atuo de forma militante, sendo resistência e ensinando a serem resistência, retribuindo a todos que, antes mesmo que eu nascesse, levantaram suas bandeiras e lutaram por liberdade e igualdade.

Ah, mas então tá tudo certo se a influenciadora digital que preza por hábitos e alimentação saudáveis, vítima do COVID 19, der uma festa em casa, num ato de total irresponsabilidade em tempos de distanciamento social? Não, óbvio. E a drag queen famosa pode fazer comentários transfóbicos? Não também, óbvio. A incoerência grita! Ouçam!

Mas a cantora branca, que luta pelas minorias, ser acusada de apropriação cultural e cancelada por usar tranças, em um show que homenageava a cultura negra, não me parece errado. Serei cancelado por pensar assim?

São tempos difíceis. Tem muito discurso de ódio correndo solto por aí - lobo em pele de cordeiro. Mas, se por algum momento parecer difícil reconhecer os inimigos, lembre-se de que os amigos a gente já conhece bem: coerência, respeito e empatia.



* Trecho da canção Divino Maravilhoso, de Caetano Veloso e Gilberto Gil




sexta-feira, 24 de abril de 2020

Morreu de tédio

Tema: Acróstico*
Por Laura Reis

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Logo ela, tão focada em entregar suas tarefas no prazo estipulado (por ela mesma) e com total atenção a todos os detalhes. Foi numa quinta-feira, assim, bem no meio da manhã superprodutiva que se pegou olhando para o celular no meio de uma reunião importante.

Acordara de bom humor naquele dia, preparou o café costumeiro, cujo aroma forte a fazia ter mais estímulo para começar a rotina matinal, há tanto estabelecida.

Um play na série preferida antes de começar a leitura não faria mal - pensou, estranhando o próprio comportamento, mas sentindo uma pontinha de adrenalina correndo pelo corpo. Aquilo parecia tão diferente de todos os últimos anos, em que tinha horários até mesmo para trocar mensagens com a família.

Reza a lenda que desde que perdeu uma amiga num dia completamente caótico, essa mania de seguir à risca seus próprios planos e passos - traçados sempre às 20h do dia anterior, havia se estabelecido. Assim era seguro e assim, enquanto viva estivesse, manteria os seus queridos e confortáveis hábitos.

Até que, durante a noite da mesma quinta-feira e, como sempre planejara em sua cabeça, passou dessa pra melhor. Abriu os olhos e percebeu: estava no paraíso. Agora não precisa mais de regras. Nunca mais morreria de tédio.

*um texto cujos parágrafos começam com a letra do nosso nome

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Empatia é...

Tema: acróstico
Por Rosana Tibúrcio


Rio, às vezes, quando ouço o povo falando sobre empatia em tempos de coronavírus, ou em qualquer tempo, sem saber o que isso, de fato, representa. Empatia não é dar conselho, não é sentir pena, não é contar o seu sofrimento para quem veio desabafar com você.

Olha só, meu caro e minha cara, para de ser idiota, para um minuto ou vários minutos e ouça quem te procurou para desaguar sofrimento, angustia e ansiedade. Abra um sorriso acolhedor!!!

Saia dessa bolha!! Nem sonhe em dizer que o sofrimento alheio é mínimo diante do que a vizinha do primo do cunhado da irmã da colega da puta que pariu está passando. Não é hora de medir sofrimento. Empatia passa longe dessa atitude. Não julgue!!! Empatia está distante do julgamento como distantes estamos do sol.

Abra seu coração, sorriso, olhos - use lupa, se necessário - abra seu ouvido e ouça, perceba, sinta o que o outro está sentindo, se coloque no lugar do outro como se fosse com você todo aquele sentimento.

Nessa hora é preciso que você tenha paciência, tenha amor, tenha aquele amor que você acha bonito em vídeos que provocam lágrimas, em frases de autoajuda ou motivacional se você curtir esse estilo. Isso, é hora de colocar em prática o que você automaticamente repassa e que, quase nunca, lê, apreende.

Ahhhhh minhas gentes, empatia não é algo simples, empatia é ouvir, é abrir o coração, é ter paciência, é focar no desabafo do outro, é não desviar o olhar, é tomar a dor do outro como a coisa mais importante da sua vida, naquele momento, como se a dor do outro fosse sua; é você dizer, se tiver oportunidade: te entendo, consigo imaginar sua dor e consigo perceber que, agora, é apenas isso que você consegue fazer; te entendo e me coloco no seu lugar e sei que está muito difícil para você; sei que sua dor é legítima. Sim, eu me identifico com sua dor!!! Sim, eu te entendo!!!


Uma linda quinta-feira para todos vocês, minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há uma sugestão para que sejamos verdadeiramente empáticos com quem precisa de nós, sobretudo nesse tempo de isolamento social. Bora???

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Vamos de rima?


Tema: Acróstico
Por: Nina Reis





Marina é meu nome,
é o nome de batismo
mas amo meu apelido,
é real não é achismo.


Acontece que aqui
em Brasília onde moro
o apelido Nina pegou,
meu nome até ignoro.


Rosaninha minha mãe
a pessoa que mais sofre,
não queria o apelido
no meio da minha estrofe.


Imagina se pudesse
minha certidão mudar,
com certeza minha mãe
iria me deserdar.


Nunca que faria isso
pois adoro o meu nome,
embora meu apelido
é o que nóiz mais consome

A ajuda do namorado
foi mais que fundamental
para fazer o acróstico
ficar lindo de morrer.


terça-feira, 21 de abril de 2020

Aquele quadro vivo*

Tema: Acróstico
Por Rafael Freitas



Riscos. Era assim que minhas avós e uma de minhas tias chamavam aqueles desenhos. Ramos e flores estampavam frágeis folhas de papel de seda, que rasgavam-se nas dobras devido à ação do tempo ou ao manuseio repetitivo.

A minha infância foi marcada pelos riscos de bordado. Minha avó materna, Marta, morava em um sítio, onde eu passava boa parte das minhas férias. Às vezes, ela me pedia que transferisse para uma folha quadriculada bordados de ponto-cruz que, na revista, eram muito pequenos para sua vista já cansada. Ela gostava de amores-prefeitos.

Fazia esses desenhos e riscos com prazer. Até aprendi alguns pontos de bordado. Gostava de fazer cartões com bordados de ponto-cruz na talagarça branca, emoldurados por papel cartão colorido. Mas, imaginem! Um menino bordar não podia; era coisa de mulher. Mas eu bordava. Até comprava revistas. Passei a colecionar riscos da seção de bordados e artesanato das revistas de costura da minha mãe.

A avó paterna, Francisca, e minha tia Margarida também bordavam. Tia Margarida, mais conhecida por Nilda, nascida no dia da primavera, vejam bem, bordava panos de prato com ponto-cruz "para fora". Muitas vezes ela conseguia alguns modelos de bordados e pedia, para o meu primo ou para mim, copiarmos o esquema nas folhas quadriculadas. Atenção na contagem dos "xizinhos" para não dar errado. E aprendam: o avesso precisa ser perfeito.

E mais que os riscos com lápis ou caneta Bic azul naqueles papéis amassados, essas mulheres eram apaixonadas por flores de verdade! Em cima da mesa da cozinha, na casa da avó, ficavam as violetas. Roxas e liláses. Em volta da casa toda, roseiras, orquídeas, beijinhos, antúrios, bromélias, samambaias, avencas. E algumas lagartixas!

Linhas coloridas, agulhas, riscos, folhas e flores se misturam e formam um quadro bonito e alegre na minha memória. Essas mulheres influenciaram meus gostos, minhas habilidades. Fazem parte do homem que eu sou: um homem que gosta de bordados, costuras e flores. E de tanto amor, qualquer dia vai florescer um desses riscos aqui, como uma homenagem. Aqui, em um dos meus braços que bordam.


* Trecho da música Varanda Suspensa, da cantora Céu.


sexta-feira, 17 de abril de 2020

Culpa, looks e muito mais do que um post feito às 23h50...

Tema: Procrastinação
Por Laura Reis
"e se eu deixar pra amanhã?"

Stress. Culpa. Improdutividade. Vergonha.
Quando você procura por procrastinação essas palavras aparecem para descrever os sentimentos que afloram no procrastinador.
E todos eles têm uma relação direta com aquilo que acreditamos que os outros pensam de nós ao adiarmos algo. É o tal do medo de ser julgado dando oi.
E por que temos tanto medo de ser julgados? Porque vivemos julgando os outros, meus queridos.
Isso mesmo, porque você me julga, eu te julgo e nessa brincadeirinha sem graça ninguém fica confortável ou livre o suficiente para mudar a prioridade de suas escolhas ou, quiçá, desistir de alguma coisa.
Por isso aqueles itens referentes aos cursos que queria fazer, lá do meu check list das férias, ficaram pra trás… porque eu não quis assumir pra mim mesma que as férias seriam para des-can-sar e porque parece que todo mundo está estudando e só eu tô aqui, perdendo tempo de vida sem aprender uma coisa nova.
E sim, eu realmente estou perdendo tempo porque há tantas coisas interessantes nesse mundo para serem descobertas. Mas também há tanto que não tenho vontade nenhuma de me aprofundar… e por que continuar insistindo nesses itens da lista?
Porque desistir é como vestir a carapuça da culpa, da improdutividade e da vergonha e, convenhamos, não estamos preparados pra assumir esses looks.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Do que procrastino e, juro, darei um jeito depois da quarentena. Ou não!

Tema: Procrastinação
Por Rosana Tibúrcio

Foto ilustrativa. Prendedores são meus, sim. De brinquedinho.


Faz uns cinco anos – digo cinco porque tenho toc de cinco – que tenho intenção de procurar um psiquiatra. E não, não ironizo absolutamente nada. É sério isso!!!
Poderia fazer terapia, mas já fiz e as duas psicólogas que me atenderam foram, com o perdão da palavra, escrotas. Mas isso é papo para outro post.

Por causa dessa minha experiência, e por saber do que preciso, é que acredito, de fato, que apenas um bom psiquiatra poderá me ajudar. Mas né? Fico adiando e jogo culpa no “não tenho grana para tal, meu plano não cobre...” O nome correto disso é procrastinação!

Bom, depois dessa linda e sincera introdução, vamos ao relato de ontem que me fez entender, bem claramente, que já passou da hora de eu tomar uma atitude.

Diferentemente da maioria, pelo que percebo, só passei a primeira semana dessa quarentena mais à toa, lidando apenas com a casa, as séries, o susto, a ansiedade, a angústia e toda essa fedaputagem que uma pandemia traz para nos perturbar.

Porém, graças a Deus, agora estou com alguns jobs (manda mais, Senhor!!!) mas que, somados à arrumação da casa, fazedura de comida (fazedura existe, olhe no dicionário!), lavação de roupa e amamentação – opppps não, isso fiz pela última vez há uns trinta anos, quarentena me deixando louca – estão me deixando de cabelo em pé. Eis que ontem resolvi lavar os panos de cozinha, que não eram poucos, pois sou das que trocam pano de prato, de mão e de pia todos os dias, quiçá dois por dia. E né? Sem tempo para enxaguá-los na munheca como gosto, botei lá na máquina e voltei para o job da vez. Niqui cuidei que não, tinha anoitecido.

Pera, pera que chego no psiquiatra. 

Então fui lá fora estender os meus lindinhos no varal. Liguei a lâmpada lá da área e... nada! Queimada! Mas as outras ao redor acenderam e fui tateando para fazer o que precisava ser feito: colocar os panos no varal, na ordem – na MINHA ordem. E isso não é pouco. Foi fácil: começo com os paninhos de pia, vermelhinhos ou rosinhas, passo para os de mão, vou para os de prato – primeiro os com barra ou pinturas, depois os mais simples que amo mais. Beleza! Deu tudo certinho!!!

Mas aí fui pegar os prendedores. E agora, no escuro, como faço? Porque primeiro uso os vermelhinhos, depois escolho uma cor única e prendo o resto. Ahhhh, que louca!!! Para com isso, tá escuro, cê tá cansada, Rosana. Certinho, usei os que me vinham à mão. Quando cheguei no último pano, consegui visualizar umas cores dos prendedores. Obaaa! Eis que retirei prendedor por prendedor e fiz como gosto: tudo organizadinho.

Respirei aliviada, meio feliz. Minto: MUITO feliz. Missão dada, missão cumprida!!!

Resto de noite normal, sem maiores sobressaltos. Acordei hoje, me lembrei dessa proeza, dei uma risadinha e, no final da risada, falei comigo mesma: Rosaninha, sua linda, passando da hora de ir atrás daquele psiquiatra e cuidar da sua saúde mental. Pare de procrastinar!

Tá bom. Vou parar. Deixar só passar essa quarentena que e aí eu... tá bom???

Uma linda quinta-feira para todos vocês, minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há uma promessa para cumprir... num outro dia!





quarta-feira, 15 de abril de 2020

Ré confessa

Tema: Procrastinação
Por: Nina Reis




Acredito que não exista alguém que nunca procrastinou nessa vida, se essa “pessoa” existe, não quero conhecer.
No meu ponto de vista, procrastinar poderia ser sinônimo de conforto e de comodidade, porque na maioria das vezes deixar para amanhã, é muito mais fácil. 
Sair do lugar, movimentar-se, sacudir-se não é tão simples assim e é claro que não é difícil, de maneira alguma, mas reluto muito para isso. Nesse momento agora, estou relutando dar direcionamento ao texto hehe


Nessa quarentena por exemplo, pensei e tive vontade de fazer várias coisas. Na minha cabeça a programação é tão simples e tão eficaz, mas ficar na cama tem sido mais fácil, mais confortável e mais gostoso, porém o arrependimento bate e nessa hora meu povo, volto à estaca zero. Estou confessando algo que praticamente não confesso pro meu espelho, mas quem sabe isso sirva de exemplo para algumas pessoas.

Preciso fazer alongamento, fazer mais artes, exercícios, tomar sol, caminhar e tudo isso nesse momento, encontra-se em um lugar de conforto pra mim, tá aqui no meu subconsciente, com planejamentos lindos e resultados incríveis. Acredito também que o fato do meu companheiro ser bem parecido comigo, faz com que fiquemos ainda mais estagnados e isso não é bom, mas ter consciência disso já é um grande passo.


Se você que está lendo, tem uma dica, pode ajudar, faça isso por favor.

Penso que muitos de nós, precisamos ser estimulados por terceiros, para que muita coisa funcione. Ok, não deveria ser assim, mas se é, também não é crime, e se resolver, melhor ainda.

Meu texto ficou confuso? Não tenho muito o que fazer.
Se identificou? Que maravilha, me conte como é pra você a procrastinação e se por um acaso ela quase não faz parte da sua vida, me diga como consegue essa benção.

Se procrastinar fosse crime, estaria presa.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Amanhã ou depois, tanto faz...*

Tema: Procrastinação
Por Rafael Freitas


Olho para a direita: uma pilha de apostilas e materiais escolares aguarda uma seleção rigorosa do que pode ser útil e do que deve ser descartado. Um pouco acima dela, num nicho da estante, potes vazios que seriam lindos objetos de decoração se abrigassem cactos e suculentas como planejado.

Olho para baixo: uma caixa plástica cheinha de miçangas, correntes e apetrechos para bijuterias aguarda que as gavetas da cama sejam arrumadas e, assim, ela caiba ali em algum lugar. Sobre essa caixa, dez pontas de dedos com unhas gigantes usadas na última fantasia, de Lobo Mau, devidamente higienizadas, aguardam seu transporte para a caixa de objetos para fantasias.

Olho para trás: nenhum quadro na parede. Demorei para escolher, escolhi e não emoldurei, mudei de ideia, preciso escolher tudo de novo. E mandar para emoldurar.

A desculpa perfeita: eu ia arrumar tudo, juro, mas a quarentena que atrapalhou, pois preciso comprar caixas organizadoras e não adianta mexer nas gavetas sem ter imprimido as fotos dos porta-retratos que foram comprados há mais de seis meses e para tirar os livros das gavetas é preciso selecionar a pilha de materiais que está ali em cima e tem mais lá no outro quarto que Deus me livre vou aproveitar a quarentena mas não dá porque não tem as caixas organizadoras E VIXE!

Mas é aquela coisa, né gente: não deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã. Só se vive uma vez! Eu pretendo parar de procrastinar. Um dia. Não hoje. Um dia, quem sabe.

Só não pretendo procrastinar, NUNCA: afeto, abraços, cafés em boa companhia, bolo de brigadeiro, autoconhecimento, respeito, aquele conselho, aquela música, empatia.

Olho para a vida, e tenho certeza: ser feliz é urgente.



* Trecho da música Amanhã ou depois, da banda Nenhum de Nós.



sexta-feira, 10 de abril de 2020

Que 2020 me surpreenda, eles disseram

Tema livre
 (só que não muito, né amigos..)
Por Laura Reis

Print tirado do app do Headspace s2

Pensaram que eu não daria o ar da graça nesse retorno, em pleno 2020 turbulentosinho, né? Pois quase acertaram..
Como bem consta aqui do lado direito - se você estiver na versão para web deste site, minha presença nesse evento de mais de década que é o Guaraná, costumava acontecer às segundas-feiras.

No entanto apesar de o meu cenário ser um dos mais favoráveis desse momento da pandemia, meu psicológico tem ficado abalado ao pensar em fazer atividades como escrever um post pra cá - coisa que há 4 anos fazia sem nem pensar. As coisas mudam, minha gente.
Enfim, a pessoa aqui trabalha de carteira assinada e não teve o trabalho totalmente atingido pela turbulência, exceto pela aplicação de home office e as temáticas das comunicações internas que passaram a ser praticamente uma só.

De resto, acontece que eu tinha uma viagem marcada de modo que, neste momento em que lhes escrevo, estaria acordando num airbnb e me preparando para ir à praia.
Eis que os planos mudaram e eu, que amo ficar na minha casinha e curtir minha própria companhia me vi com a cabeça ainda mais cheia de pensamentos como o que vou fazer pra comer, será que o que tenho vai dar pra mais de uma semana, que cômodo vou limpar, que dia vão começar a me multar quando eu descer o lixo, qual curso vou começar primeiro já que me inscrevi em mais de dez e não haverá tempo hábil pra tudo isso, etcétera.

E uns 4 checklists enormes depois, cá estou eu ainda sem cumprir metade deles porque do nada (e praticamente duas vezes por dia) me pego pensando em como é que a gente veio parar nesse estágio, o que pode acontecer com cada pessoa que eu amo, porque nem todo mundo parece se preocupar, se estou com algum sintoma.

Aí, pra tentar me distrair um pouco de toda essa palhaçada que tem, sim, estragado a minha saúde mental e emocional, eu coloco pra tocar mais uma vez o novo álbum da Dua Lipa, faço mais uma aula no Duolingo, me empolgo em não conseguir reproduzir todos os movimentos das coreografias da @boateclass, faço questão de dia ou outro me vestir de forma mais consciente e tacar um belo batom nessa cara, bato ponto no Headspace diariamente, além de conversar muito com o mozão sobre qual será o próximo acontecimento do BBB.

E não para por aí,  me tornei a pessoa que às vezes (ainda não é sempre) gosta de mandar áudios no whatsapp, que desce no estacionamento pra pegar um sol e planeja compras de supermercado (com ele do meu ladinho, eu podia descer toda hora, uai..).

Que a gente tenha mais saúde pra passar por esse perrengue e, claro, meus cumprimentos a 2020 que nos surpreendeu como nenhum outro ano.
Tá de parabéns! (não)

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Como estou atravessando, lindamente, a pandemia. Estou???

Tema livre
Por Rosana Tibúrcio

Não sei vocês, mas estou tentando: tentando não surtar comigo, com o excesso de vídeos e mensagens chatas do Covid19 – mas surtei, confesso – além da imensidão de lives e posts nas redes; posts estilo "19º dia de isolamento", sendo que esse 19º dia aí diz respeito ao meu tempo isolamento.

Sim, último dia que saí de casa foi 18 de março. Fui ali, num supermercado, na tentativa de comprar tudo que precisaria para um mês. Comprei tudo? Claro que não, né?! Como ser organizada em lista com uma pressão psicológica pairando sobre minha cabeça?

Passei bem mal nos primeiros dias do isolamento. A vontade era não fazer nada, mas não fazer NADA, dormindo. E como ter sono por 24 horas? Nem sei!!! Ainda bem!!!

O pior dos primeiros dias não foi só o fato da novidade, foi a ausência de job*. Em vinte anos de consultoria acadêmica, eu nunca havia ficado sem trabalho. Não falo aqui do tempo que parei para umas férias – necessito – e para me recuperar, nos últimos quatro anos, das cirurgias que fiz num olho (duas) e ouvidos (três), além das duas dengues. Como me imaginar sem trabalhar e, consequentemente, sem grana, e usar o tempo disponível para cuidar do serviço de uma casa que é uma coisa que não amo fazer? Nem nos meus piores pesadelos eu imaginei algo parecido. Mas passei por esse primeiro grande perrengue, minhas gentes!!!

Como? Tirei minha bunda da poltrona e resolvi divulgar meu trabalho. Foi bom, colhi alguns frutos. Estou terminando um por agora e, graças a Deus, tenho outros me esperando. Bom, né?!

Só que aí eu fiquei sem tempo para a casa e, do nada, de cá do computador olho para o lado e penso: putzzz, preciso limpar a casa; tenho que fazer almoço e arrumar cozinha; preciso lavar roupas. Tô achando ruim??? Não, mas confesso, estou exausta!!! O corpo dói e a cabeça não para de pensar. Admiro as mulheres que chegam do trabalho e vão cuidar de casa, roupas, filhos, marido. Heroína que fala???

E eis que na terça-feira, em meio a esse caos e muito, mas muito cansaço, o meu filhote Rafa nos pede uma foto de perfil – parece que para substituir a do nosso perfil do blog, até agora não vi nada sobre – e o que eu faço depois de reclamar que não tenho foto boa? Vou lá no meu quarto, boto uma blusa da cor linda de minha paleta, passo um batonzinho – que ficou borrado, eu sei – um pozinho no buço, um pente nos cabelos que, graças a Deus estavam limpos e lindos, e tiro umas fotos. Escolhi essa lindinha que está no post e pronto... mudei meu astral, pouco atrasei no job da vez e até me esqueci, por uns bons minutos, do Covid fdp. É isso!!!

E hoje estou aqui, aproveitando que o tema é livre e dizendo tudo que me vem à cabeça, sem me preocupar se está coerente ou não. Afinal, como ser coerente em tempos de pandemia, de isolamento e saudade**??

Uma linda quinta-feira para todos vocês, minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo no ar e hoje há a morte de uma saudade.  


*os mais antigos do blog dirão: ué, não é mais senzala? Não, não é... a evolução existe e eu precisava de uma palavra para substituir a que eu usava – erroneamente – para designar meu trabalho. Mas isso é papo para outro post.

** saudade de tudo eu tô e estava, a do nosso guaraná tô matando nesta semana. Feliz!!!




quarta-feira, 8 de abril de 2020

Uma carta ao Senhor Covid

Tema: Livre
Por: Nina Reis



Se respondeu sim, espero que tenha sido muito coerente com suas palavras e muito convicto que fez da vida de muita gente um caos, entendeu? Um caos.

Se respondeu não, espero de coração que tenha reavaliado tudo que nos causou. 
Que tenha consciência que as pessoas não tiveram apenas uma gripezinha como um certo fulano disse e que a economia também sofreu e está sofrendo com isso, mas muita gente morreu e esse sofrimento é com certeza muito maior, no meu ponto de vista, entende? É de cortar o coração.

Agora senta e leia a minha parte com calma.
Por aqui, comigo e com o meu companheiro, está tudo sendo feito na medida do possível.
Ahhhhh não sei se o senhor sabe, mas me mudei, agora não trabalho mais em casa, mas isso é assunto pra outra carta.
O senhor nos obrigou a fazermos isolamento social e estamos aqui, falhando algumas pouquíssimas vezes, mas tentando ser os mais corretos possíveis, para que o SENHOR, não se alastre, não nos contamine e também não saia por aí matando mais pessoas. Sossega o facho, o senhor não se cansa disso? Bom que o senhor ficará para história mundial, tenho certeza, mas assim, sossega o faixo, estou falando sério. Pensei por muitas vezes que seria apenas um pesadelo e, infelizmente, não era, então tentei tirar algo bom disso, aliás, palmas para o senhor viu? Ui, tá recebendo um elogio e tá se achando né? Mas sossega o facho e leia com atenção. Graças ao senhor, passei a enxergar meu lar com outros olhos, passei a dar muito mais valor ao meu trabalho e a comida que preparo todos os dias, passei a dar muito mais valor aos profissionais que disponibilizaram seu tempo para ensinar sem custo, várias pessoas com sede de aprender, passei a dar mais valor na saudade e mais valor ao dinheiro que NÃO ESTOU RECEBENDO. Entendeu ou tá difícil? Porque entendi que preciso administrar o que ganho, pois caso DEUS ME LIVRE GUARDE um trem desse aconteça novamente, preciso estar preparada financeiramente e não ficar louca dentro da roupa criando ofertas e esperando auxílios do governo. O senhor causou um desgaste enorme, sabia? Desgaste emocional, financeiro e até físico. Sossega o facho e some daqui, mas assim, pra ontem, meu corpo já está cansado de escrever pro senhor.

Cansei, não quero escrever mais não, só quero dizer que o senhor trouxe o blog de volta, deixou quatro pessoinhas felizes e por isso está 5% perdoado.

Vá com Deus e vá curado!

terça-feira, 7 de abril de 2020

Doze anos


Tema Livre
Por Rafael Freitas


Hoje é um dia especial. Para alguns, pelo menos. Digo para alguns porque são tempos difíceis... E nem todo mundo consegue ver graça e ter calma e força nesses dias... Compreensível, saiba.

O contexto para a posteridade: estamos enfrentando uma pandemia. Com certeza, quando mais velhos, diremos coisas do tipo "eu sobrevivi a uma pandemia" ou "como chamava mesmo? Corona vairus?". Ou ainda "ficamos em quarentena e isolamento social; imaginem eu, quarenta dias sem abraçar ninguém". Eu direi.

Não se fala em outra coisa na tevê. Nem nas redes sociais. Mentira. Também se fala do atual presidente. Não, eu não o elegi, quero deixar isso claro. E não, ele não tem colaborado. Que também fique claro.

Pensando bem, não está mesmo sendo fácil ter graça, calma e força nesses dias... Mas nos agarramos em tudo que nos dá ânimo e esperança. Sobreviver é preciso.

A Arte tem nos salvado (tentando não falar mais nada do presidente). Filmes, séries, músicas, livros saindo das estantes para as cabeceiras. A arte nos salva, sempre. Necessária.

E as redes sociais também, quem diria. O contato frio das conversas virtuais, o exibicionismo sélfico e a felicidade reinante das fotos de viagens e comidas esteticamente organizadas tornaram-se nossas melhores formas de contato com quem amamos.

Não saia de casa. Se sair, vá de máscara. Lave as mãos. Álcool em gel. Redução salarial. Lojas fechadas. Shows e viagens cancelados. FIQUE EM CASA. E a saudade vai apertando os corações.

E, num surto de esperança, estamos aqui: Laura, Marina, Rosana e eu. Estamos aqui parando essa quarentena e suas preocupações para uma celebração: doze anos de Guaraná com canudinho. Doze anos de amizade e família. Doze anos de histórias, risadas, pretensões literárias (!) e gente querida.

Nunca foi tão urgente levantarmos nossos copos, de guaraná, e fazermos um brinde. Brindemos à amizade, à vida, à empatia, à esperança. E aos nossos doze anos juntos.

Então, se procura por um pouco de graça, calma e força nesses tempos difíceis, fique à vontade! Puxe uma cadeira que vamos te servir rapidinho guaraná com canudinho!