terça-feira, 31 de janeiro de 2017

E são tantas marcas*

Tema: Um episódio da infância
Por Rafael Freitas



Eu já fui atropelado por uma bicicleta.
Não, não é mentira.

Quando criança, meu melhor amigo era um primo chamado João Paulo, cinco meses mais novo que eu. Morávamos na mesma rua, a Francisco Fagundes, a poucas casas de distância.

Além de frequentarmos a casa um do outro, brincávamos muito na rua com a molecada. Pique-esconde, queimada, bandeira, bete. Possivelmente aprontávamos uma ou outras travessuras (risos!). Como o dia em que subimos no telhado da casa da Cleusinha para apanhar um chinelo dele que, ao ser chutado para cima numa disputa de quem chutava mais alto, caiu nas telhas da beirada e ficou lá. Coisas da falta de juízo da pouca idade.

Esse episódio é sempre lembrado nos almoços de família, bem como o dia em que fui atropelado por uma bicicleta.

Eu tinha uns sete, oito anos. Fui encontrar o João, que estava em frente à sua casa. Morávamos em quadras diferentes. A rua que separava uma quadra da outra, Padre José Oriolo, era um morro onde morava Juliana, irmã da Adriana professora e filha da Cida do Levi. Juliana descia o morro em sua bicicleta rosa enquanto eu corria, pelo meio da rua, para ir brincar com o João. Ouvi gritos: Não tem freio! Não tem freio! E de repente eu estava no chão. Nada mais me lembro.

Quando raspo ou corto o cabelo mais curto, uma cicatriz de oito pontos aparece para quem me vê de costas, na lateral esquerda da cachola. As perguntas sobre sua causa são frequentes. Como são frequentes os olhares indignados quando digo que fui atropelado por uma bicicleta.

Mas é aquela coisa, né?! Só se aprende a andar de bicicleta levando uns tombos, que deixarão cicatrizes. O João Paulo que o diga: perdeu a tampa do joelho num tombo violento, na descida de um outro morro. Outro episódio memorável. 

E ele que o diga porque não sei andar de bicicleta.
Percebo mais olhares indignados.


PS. João Paulo e eu ainda somos melhores amigos.


* Da canção Lanterna dos Afogados, Paralamas do Sucesso.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Até nunca mais!

Tema: Um episódio da infância
Por Laura Reis



Quando falamos sobre cabelos, sempre contamos como ele é ou como já foi volumoso, encaracolado, tingido, maltratado, hidratado, curto, longo, alisado, nutrido (com química) ou sem corte. O que a gente raramente fala é que ele já foi o melhor dos caminhos para os malditos piolhos-sanguessugas-de-couros-cabeludos.

A minha cabeça, senhores, deveria ter sido estudada em minha infância. Fabricante nenhum de produto para tratamento contra lêndeas e piolhos tinha vez nessa cabeça aqui. Nenhum.

Eu não faço a menor ideia das receitas, mas tenho quase certeza que boooooa parte delas foram sugeridas e aplicadas por mãe, tia, vizinha, conhecida.

Foi longa, essa temporada da minha vida usando pente fino, coçando o couro cabeludo, prendendo esse tanto de fio na escola pra não passar, mais uma vez, pros coleguinhas. Todo mundo tinha, tratava, ficava sem e os meus piolhos nutriam seu amor imortal por mim. E eu sofria.

E eu me lembro de episódios tristíssimos (que talvez no momento específico era bem um alívio/vingança) nos quais eu coçava a cabeça e, com minhas unhas grandes, sentia aqueles seres minúsculos se movimentando e puxava com toda cautela. Colocava aquele imbecil sobre a folha do caderno e amassava ele com a unha do dedão. E via sangue. O MEU SANGUE. Que eca! Que eca...

A sensação e o passo a passo desses momentos penso que jamais esquecerei. Acredito que devia ser uma minivitória e penso que eu tinha a esperança de, dessa maneira, exterminá-los.

Talvez até tenha sido isso, viu? Porque eu não faço a menor ideia de como é que isso terminou. Só sei que nunca mais encontrei esses malditos. Ainda bem. E que (tomara Deus) seja até nunca mais!


Ps.: mãe: como terminou essa novela mexicana?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Num é beeem felicidade plena, má é quais...

Tema: dez felicidades
Por: Rosana Tibúrcio

um dos pores do sol mais lindos que fotografei  


Conversar sobre hábitos, características de gentes minhas ou de gentes de meus interlocutores.

Dar um presente bom, não necessariamente caro, dos que provocam contentamento.

Fechar o boteco na sexta-feira e saber que tem sábado e domingo sem senzala e me esperando pra vadiá.

Preparar meu prato de saladas, comer salada e saber que salada é saudável e que gosto sim, pra caramba.
 
Preparar para assistir e assistir a um episódio, programa de tv ou filme sem ser interrompida.

Provocar uma risada e rir junto de algo que nem eu esperava provocar... ser piadista sem querer querendo, sacumé???

Receber elogios por um trabalho concluído.

Tirar a roupa e lavar as mãos ao chegar da rua cansada, suada ou não...

Ver a cozinha arrumada com pia enxuta, toalha de mão e pano de prato limpos. Coisa mei pobre, mas juro: paro, olho, respiro fundo e sorrio!! Faço isso desde o tempo em que morava em Monte Carmelo. 

Ver o pôr do sol; tirar foto do pôr do sol; postar foto do pôr do sol; olhar foto, sem filtro, do pôr do sol, sobretudo as minhas fotos.


Uma linda quinta-feira pra todos vocês, minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há sugestão para que você pense, liste e vivencie suas dez felicidades... 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Num só dia

Tema: Dez felicidades
Por: Nina Reis




É seu dia de folga, ela acorda sem despertador. Nesse dia, nadinha, nadinha de obrigação. 
Ela faz seu café (filho do quiça), senta na poltrona e come suas bolachinhas amanteigadas de coco. 
Lê inúmeras mensagens nas redes sociais e inicia sua saga no Youtube (hoje sua rede preferida). Assisti tudo relacionado a DIY, culinária, organização e comprinhas no aliexpress. Bem provavelmente ela passará mais de duas horas ali naquela poltrona, onde já terá sentado, deitado, sentado novamente e seu corpo nem reclamará. 
Bate aquela fome e ela .... hummm ela esquenta aquele frango surpresa delicioso que fez no dia anterior, almojanta com certeza e pós refeição, levanta, pega sua garrafinha de água e sua colher de sobremesa, pois seu pote de Nutella já está ali, aberto lhe esperando.
De repente chega alguém.
Eles conversam, riem muito, assistem filme, comem pipoca e até dormem juntos.  

Resumindo
Dia de folga
Sem hora pra acordar
Café 
Bolacha
Mensagens
YouTube 
Frango surpresa
Nutella
Boa companhia
Pipoca 

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Felicidade é só questão de ser *

Tema: Dez felicidades
Por Rafael Freitas



Abraços. De saudade, de felicitações, de chegadas ou partidas.

Conversar sobre todas as coisas, de dramas existenciais a impressões sobre um livro ou série ou filme, e ter apoio e partilhar afinidades e opiniões.

Organizar o guarda-roupa. E depois ficar admirando as camisas em ordem, separadas por estampas, das escuras para as mais claras, os cabides iguais, transparentes, na mesma distância um do outro, o mesmo com calças e sapatos e POR AÍ VAI.

Receber elogios, seja por uma tarefa realizada com êxito ou numa declaração de afeto.

Os segundos em que o mundo para enquanto degusto um (ou cinco) Ferrero Rocher.
Encontrar uma série inteira, ou o episódio da semana, ou filme, pra baixar em HD COM LEGENDA SINCRONIZADA.

Ouvir uma música que gosto muito, sem esperar, em uma filme, série, num carro que passa na rua, ou pela janela de alguma casa... (como acontece aqui, no filme Simplesmente amor, ou aqui, no quarto episódio da primeira temporada de Sense8).

Quando acabo de ler um livro incrível e fico alguns segundos, ou minutos, refletindo sobre ele.

Perceber o talento e o capricho dos alunos quando entregam trabalhos tão lindos que nem quero devolver, mas colocar na parede do meu quarto.

Ser tio, o que implica babar um pouco, querer morder e ficar bravo às vezes.


* Da canção Felicidade, Marcelo Jeneci.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Pequenas grandes alegrias

Tema: Dez felicidades
Por Laura Reis


Ter uma tarefa aprovada sem alteração.
Fazer rituais de beleza, como aplicar máscaras faciais e capilares, usar esfoliante, passar milhões de cremes no rosto, fazer as unhas.
Tomar um banho completo (lavar os cabelos e fazer os rituais acima), com música e sem pressa.
Saber que posso ir em casa no horário de almoço.
Olhar em volta, durante uma festa de família, e ver todo mundo conversando e se divertindo.
Trocar mensagens com flertes recíprocos.
Saber que meu saldo está positivo e que há uma pequena poupança sendo alimentada.
Acordar com alguém amorzinho do lado.
Me empolgar com uma música, conferindo letra, relendo, repetindo e decorando até não cansar.
Acordar e saber que posso dormir mais um pouco.