Tema: Conto continuado
Por Rafael Freitas
Outra vez ouviu a própria voz
ecoando pelo quarto enquanto praguejava contra a poeira acumulada na estante.
Há dias sentia-se irritado com os livros que estavam fora do lugar e com a camada
fina, porém presente, do pó amarronzado que lhe manchava a ponta dos dedos
quando experimentava o gesto batido de deslizá-los pelas prateleiras do móvel, criando
um rastro.
Lembrou-se de que, quando criança, gostava de ver nos feixes de luz que vazavam pelas portas entreabertas de algum cômodo da casa, as muitas partículas que pairavam pelo ar, como pelinhos, e imaginava se o ar seria assim o tempo todo e em todo lugar: cheio de ciscos, mas ciscos que dançavam na luz do sol.
Há quanto tempo não via uma cena como essa! Ainda mais depois das mudanças no trabalho. Estava feliz, porém cansado. E acabara de decidir ao olhar para o último caminho traçado pelos seus dedos na estante vermelha: de hoje não passa.
A estante acomodava, principalmente, seus livros. Não eram muitos, mas eram preciosos. Tirou-os cuidadosamente do lugar e limpou as prateleiras. Depois, passou um pano limpo em cada um dos livros, eliminando a poeira das capas e das laterais. Fazia tal limpeza com prazer e sem pressa, detendo-se naqueles que lhe traziam boas lembranças, às vezes relendo as informações na capa ou alguma dedicatória.
Dentre eles, um livro de capa azul se destacava. Um livro muito querido, do Gabriel Garcia Marques, que fora um presente. Ao pegá-lo, lembrou-se de um tempo em que era feliz e de um sonho realizado. Notou que, quase na metade das páginas, havia algo que lhes separava, um papel ou coisa assim. Uma foto. A foto daquele dia em que...
Lembrou-se de que, quando criança, gostava de ver nos feixes de luz que vazavam pelas portas entreabertas de algum cômodo da casa, as muitas partículas que pairavam pelo ar, como pelinhos, e imaginava se o ar seria assim o tempo todo e em todo lugar: cheio de ciscos, mas ciscos que dançavam na luz do sol.
Há quanto tempo não via uma cena como essa! Ainda mais depois das mudanças no trabalho. Estava feliz, porém cansado. E acabara de decidir ao olhar para o último caminho traçado pelos seus dedos na estante vermelha: de hoje não passa.
A estante acomodava, principalmente, seus livros. Não eram muitos, mas eram preciosos. Tirou-os cuidadosamente do lugar e limpou as prateleiras. Depois, passou um pano limpo em cada um dos livros, eliminando a poeira das capas e das laterais. Fazia tal limpeza com prazer e sem pressa, detendo-se naqueles que lhe traziam boas lembranças, às vezes relendo as informações na capa ou alguma dedicatória.
Dentre eles, um livro de capa azul se destacava. Um livro muito querido, do Gabriel Garcia Marques, que fora um presente. Ao pegá-lo, lembrou-se de um tempo em que era feliz e de um sonho realizado. Notou que, quase na metade das páginas, havia algo que lhes separava, um papel ou coisa assim. Uma foto. A foto daquele dia em que...
E continua.
* Trecho da música Vambora, de Adriana Calcanhotto.
Vocês não amam muito essa música do título, gente?
ResponderExcluirEu amo.
eu amu
Excluirse eu disser que não conheço?
Excluirpesquisar.
Excluiramo tanto essa música e não sabia do título dela. Me odeio por isso!!
Excluirainda tenho o teu perfume pela casaaaaaaaa... adoro isso. affe!!
ExcluirOlha, gente, vou falar pra vcs: eu acho essa música tão linda, mas tão linda!
Excluirce gostou do desfecho da sua história?
ResponderExcluirRESPONDA JÁ!!
ExcluirMUITO!!!!
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