Tema: Quatro gerações
Por Rafael Freitas
_ Mas e agora? Quem vai ficar com
o relógio amarelo???
O relógio amarelo. Era assim que
seu pai chamava um antigo relógio, banhado a ouro, com pulseira de
gomos finos que ganhara de seu pai e havia transmitido ao filho do meio como uma
relíquia, uma herança de família.
Ele, o filho do meio, sempre notara no pai esse apego às
coisas materiais. Não podia se desfazer da cama velha e quebrada porque fora
ali que começara seu casamento. Não podia jogar fora aquela camisa, que já
estava em trapos, porque a usara no seu noivado. Não podia vender a outra casa porque a construíra com tanto suor, com a ajuda da esposa, e ali criaram os três filhos
homens.
Três filhos homens. Que orgulho!
E que decepção o pai provara agora ao descobrir [o que para ele era] um desvio, a sem-vergonhice e
todas as outras mentiras que teriam sido ditas pelo filho do meio. O que mais se parecia com ele e com o avô! _ Meu Deus! O nosso nome! O nome da nossa família!
Um nome é tudo o que a gente tem! Dissera naquela noite, enquanto o interrogava, querendo saber porque estava naquele carro, num beco
suspeito, com outro rapaz.
Uma noite difícil. Por mais que
soubesse que não estava sendo fácil para o pai tal descoberta, também não
entendia como ele poderia julgá-lo tão mal. Se não estivesse bem resolvido com
sua condição, com o que era de fato, e não porque assim escolhera, teria
sucumbido diante das acusações, lágrimas e murros do pai na parede e no balcão da cozinha.
E agora, como se não bastasse
tanta dor, desenterra a história desse tal relógio! Qual o problema? Seria uma desonra usar um
relógio de família? Quem teria que ficar com o relógio amarelo???
Até que ficou claro: o pai
escolhera errado o filho que devia presentear. Não era ele,
o filho do meio, o merecedor pelo simples fato de que não teria filhos. Estava
resolvido: devolveria o relógio, ou entraria em um acordo com o pai sobre qual
sobrinho deveria ficar com ele.
O que seu pai não sabia é que seu
legado, assim como o do avô, era muito mais que um relógio, as entradas nos
cabelos, o formato do nariz ou os lábios finos. Era a boa educação, honestidade,
bom-caráter e aquele jeitinho teimoso. Coisas que o filho do meio tinha de
sobra e poderia distribuir para muita gente. O que também aconteceria com seus irmãos, e os filhos de seus irmãos, e os filhos dos filhos...
Milagre: postei no dia certo!
ResponderExcluirrs
Bom dia, amores!
ResponderExcluirgente, mais alguém postou com o marcador LGBT além de mim, VITÓRIA!
ResponderExcluirfala pro menino ficar relax que depois de um tempo o pai dele vai entender.
ResponderExcluirsobre esse tipo de aceitação, o tempo é o maior aliado de todos.
to sentindo que o meu post da semana passada foi como uma cutucada mesmo para o Sr. Rafael.
ResponderExcluire, olha, não era a intenção.
ResponderExcluirbeijo, viu!
ResponderExcluirAAALELUIA
ResponderExcluirAAALELUIAA
ALELUIA
ALELUIA
ALEELUIA
[posso ZOMBAR porque faz duas semanas que tô agindo corretamente.]
~~SUCUMBIDO
ResponderExcluirquem usa essa palavra, além de Samuel Rosa em Formato mínimo
[ok, ele usa sucumbia]
tadinho dele, ou.
ResponderExcluirmas eu acho que, assim, tradição é tradição.
ResponderExcluirtem que devolver o relógio amarelo.
compre um azul, rapaz.
importante: formato do nariz grande s ou n
ResponderExcluirlgbt.....
ResponderExcluirOlha, de boa... relógio amarelo é feio. Se fosse vermelho.
ResponderExcluirReleve. Mas só por isso!!
Tá achando que é fácil botar filho no mundo e depois descobrir que a geração dele acaba ali?
ResponderExcluirSe bem que hoje temos adoção. Mas precisa primeiro achar outro pai à altura dos narizes e lábios finos.
Eu ri com o "lábios finos". Tinha que dar uma de macho e falar: beiços finos hahah
Mas olha, isso foi só um fato o que importa é que hoje o pai do lindinho cuti cuti, quando ele viaja e tá pra voltar, deixa na cama bilhetes amorosos e chocolates.
ResponderExcluirVamos combinar que isso é muito, mas muito, mas muito mais bacana do que um simples relógio amarelo.
LGBT nos marcadores.
ResponderExcluirãhãnnn, narigudinho, senta lá.
Gente, desculpa!
ResponderExcluirFicou mais pesado do que eu pretendia, né?
Olha, eu acho que vesti a carapuça do seu post sim, Brant. Por isso postei direitinho.
ResponderExcluir#vergonha
hehe
GENTE, POR QUE ELA ME CHAMA DE NARIGUDINHO???
ResponderExcluir(Por que será, né? rs)
Percebam que o fato mencionado pela mainha, dos bilhetes e chocolates, denuncia o fator aceitação.
ResponderExcluirComo vc disse, Brant: TEMPO!