Tema proposto: fobia
Por: Rosana Tibúrcio
Medo pra ela sempre fora uma prisão, antônimo meeesmo de liberdade.
E quando pensa em medo exagerado, nas tais fobias da vida, ela se volta a dois barulhos de sua perturbadora infância “fóbica”: avião e trovão. Era um avião no céu e ela achando ser trovão, era um trovão e ela pensando ser avião. E pros dois barulhos ela cagava, mas não o "cagava" que pra muitos significa não estar nem aí, era o cagava cagava mesmo: diarréia, das bravas.
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Muito prazer, “fobicazinha”, somos o trovão e o avião, nossa missão é, a partir de hoje, te assombrar e não te deixar em paz brunnhurrmurrrrrbpaaapuuubúúúúúúrrrrrrr
Nem o costumeiro “se cuide” falaram pra ela, quando vieram se apresentar. E, assim, ela se transformou numa menina super-hiper-mega-medrosa-cagona...
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Só que o trovão foi babaca. Com o tempo descobriu que o perigo, pra o que ele representava, vinha do relâmpago; esse sim, causador de tragédias possíveis.
Botou língua pro trovão e seguiu em frente. Talvez mais corajosa, por que conseguiu vislumbrar outra realidade. Tá, às vezes, ela ainda se assusta com o barulho do trovão. Aliás, ela tem medo de barulho. Mas convenhamos... nem fica bem contar isso... hoje ela já é uma mulher, quase uma anciã...
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De avião diminuiu o medo porque atualmente, na sua cidade, são bem menos os aviões que cruzam aquele céu. Mas se eles vêm em bando ela quase borra as calças: de novo. Esquadrilha da fumaça não é coisa de Deus, dá licença!!! Pânico, ela sente. Total.
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Não satisfeita com o medo das coisas que vinham do céu, descobriu que tinha medo de passar nas pontes: chorava, urrava e se imaginava caindo nos rios e riachos sem poder sair do carro e sem saber nadar. As pontes, por certo, sinalizavam, desde a sua infância, o medo de mudanças. A rotina é, pra ela, segurança, alicerce. O novo traz certo desconforto: pânico. Pontes = etapas. É, desse pânico, ela sabe o porquê...
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E desde sempre - num tempo que nunca soube precisar e, seguramente, anterior ao de aviões, trovões e pontes – a maior de todas as fobias vinha dos animais. Cachorro ganha sempre em disparada. Se bem que... já se imaginou enfrentando uns cinco no lugar de um só rato.
E a fobia a animais vem representada por toda a arca de Noel. Aliás, se ela houvesse sido convidada pra essa viagem daria um jeito de afogar todos os bichinhos e, de quebra, enforcava os peixes, tubarões e afins. Pulou, abanou o rabinho, latiu, avoou, fez miau e piu piu, ela se apavora.
De todos os animais a única que se salvou (ou que a salvou) foi a joaninha. De joaninha ela nunca teve fobia e quando, na infância, pegava uma fazia questão de mostrar aos amiguinhos toda a sua coragem.
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De gente ela tem pouca fobia. Lida bem com essa espécie e não perde tempo pensando que pode trombar com um ladrão enquanto caminha pela casa ou pelas ruas. A fobia que ela tem, relacionada às gentes é algo que vem dela mesma. Tem, muitas vezes, medo de rasgar a cara de algum imbecil que faz, da cara dela, um relógio. Não passa daí.
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E do que se refere a algo mais “chão”, ela se preocupa com os poços. De cair, teve medo; de não achar a saída tem fobia. A maior delas, pois o poço é fundo e há grades por todos os lados. A tal prisão...
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Uma linda quinta-feira pra vocês, meus amores, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há catarse.