terça-feira, 30 de junho de 2020

Gesto afetivo

Tema: Conto continuado
Por Rafael Freitas


_ Vida, pizza hoje não!

Parece que ela estava adivinhando! Seria tão mais fácil pedir duas pizzas grandes ali pelo aplicativo mesmo... Fiz uma careta para o smartphone. Ela gritou de novo:

_ Vida, me traz um copo d'água, por favor.

Era assim que Helena me chamava: "Vida". No começo achava um pouco piegas, confesso. Exagerado, até: quanta responsabilidade ser a vida toda de alguém, não é?! Mas depois de tanto tempo juntas, e ainda mais depois que decidimos ter as crianças, fazia sentido: estávamos construindo uma vida juntas, uma família juntas, e estávamos muito felizes com as decisões que havíamos tomado. Juntas.

Peguei um copo, enchi de água e levei pra ela na sala. Allan e os amigos brincavam no quarto. Luísa, deitada de qualquer jeito no sofá, estava grudada naquele smartphone. Ah, esses pré-adolescentes...

Entreguei o copo pra Helena que sorriu e me lançou uma piscadinha quando deu o primeiro gole. Eu amava aquela piscadinha: o mesmo gesto que fez quando nos conhecemos num almoço na casa da Mara. Decidi o que fazer para o jantar ali, enquanto voltava para a cozinha, pensando naquela piscadinha: vencer o tal trauma de cozinha e fazer o mesmo prato daquele almoço, tão especial para nós duas, aproveitando, claro, que as crianças também gostavam:

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