sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Das malas

Tema: uma imagem, um conto
Por Taffa

Pra caber no porta, de LauReis

Acordou naquele dia com tanta preguiça que mal conseguia pensar noutra coisa senão dormir mais. Resolveu então ficar enrolando na cama, por uns tempos, por uns cochilos, por horas. Percebeu a movimentação na rua e tampouco se importou, claro. E o quão cansado estava? E as dezenas de horas de ônibus que havia enfrentado para chegar naquele local? Alguém se importava com isso? Ah, realmente duvidava.

A cabeça estava cheia de problemas, mesmo passando um tempo longe de toda a correria diária. Tinha uma dor de estômago que incomodava sempre e nunca abria exceção. Lembrou-se, também, do stress. Aquele malcriado que teimava em ficar perto, não importando o quanto tentasse fugir.

Então levantou-se arrastado e tomou um banho. Tirou algumas malas do armário e colocou-as junto a outra que estava pronta desde o dia anterior. Pegou a primeira e dentro colocou toda a preguiça que estava impedindo-o de agir há tempos. Fechou o zíper e percebeu que a mala estava estufada, havia muitos quilos de moleza ali. Fez o mesmo com as dores: de cabeça, costas, estômago e rins. Colocou cada uma num receptáculo porque elas possuíam densidades diferentes e percebeu que, para algumas, bastava uma nécessaire, enquanto outras mais crônicas demandavam bagagens de costas e malas inteiras.

Chamou um táxi e terminou de se aprontar enquanto esperava. A camisa ficava tão bem com aquela calça, percebeu ao se olhar no espelho. Achou que estava mais magro e as entradas dos cabelos não estavam tão visíveis assim. Com a chegada do motorista, colocou tudo no bagageiro. Conversaram sobre o trânsito, dinheiro, fome na África e o tempo.

Assim que chegou ao aeroporto, fez o check-in e despachou todas as malas para um lugar bem longe dali: Alasca, pôde ler no canhoto do comprovante. Então foi até a sala de embarque carregando apenas uma mochila com algumas trocas de roupas e cartões de crédito e passou pelo portão, seguindo até onde estava a aeronave. Lá dentro, a aeromoça fez os procedimentos de segurança iniciais e finalizou avisando a todos que a viagem com destino a Fernando de Noronha duraria seis horas.

Da janelinha de onde estava, conseguiu ver o carrinho de bagagens seguindo para um outro avião branco, com marcas de outras viagens pesadas até lugares longínquos, imaginou. Fechou os olhos, colocou os fones de ouvido, deitou a cabeça no encosto do assento e sorriu.

22 comentários:

  1. Desculpem pelo sumiço, mas eu estava viajando pela empresa e só cheguei hoje de madrugada.

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  2. Achei a imagem tudo a ver com o fato de eu estar viajando e tudo mais.

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  3. achei lindo isso de colocar as preguiças e dores e tudo de...ruim.. e colocar numa mala pra ver a densidade.

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  4. achei lindo isso de colocar as preguiças e dores e tudo de...ruim.. e colocar numa mala pra ver a densidade.

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  5. mas, infelizmente, essa imagem não condiz nem com alasca, nem com fernando de noronha nem mesmo com aeroporto.

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  6. Fiquei até cAnfusa. Mas depois que li a segunda vez eu apaixonei.

    Apesar do "receptáculo".
    Né??

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  7. Tudo bem que não foi no meu post, mas eu perdoo, porque ele tá foda de ruim.


    Mas promete que não faz mais isso?
    É que sofro!!!

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  8. Quem não queria mandar todas as dores pro Alasca?

    Eu queria.

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  9. Fui no seu post, pode me perdoar.

    Ailoviuxuxu

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  10. Gente, que soneira. Hoje acho que vai chover forte aqui porque fez muito calor durante o dia.

    E eu nem vou ver a chuva porque vou dormir em 5..4...3..2........

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  11. Vou fazer o mesmo com algumas coisas aqui. Só não tenho mala suficiente pra mandar tudo o que eu quero pro Alasca!

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  12. Só eu tenho a impressão de que a Aninha usaria a palavra receptáculo???


    (huahsuha)

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  13. Taffa, cê conhece Filipe Catto, o cantor?

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  14. Não conheço. Pq? Ele também mandou as dores pro Alasca?

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  15. Ele é cabeludo, indie, excêntrico.

    Parece o Jack White dos The White Stripes.

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