Tema: Meu primeiro amor
Por Taffa
Eu não tive apenas um primeiro amor, mas dois: um hétero e um homo. Sou da turma dos retardatários e só fui me apaixonar mais tarde, aos dezoito anos, por uma garota que na época era da minha sala na faculdade. Lembro muito bem de como tudo aconteceu: a primeira vez que a vi, o sorriso discreto que me encantou, os cabelos vermelhos tingidos e enrolados num coque logo acima da nuca e aquele olhar, sim, olhos que me encantaram desde o primeiro momento em que me deparei com eles.
De início não houve nenhuma grande afinidade, era um em cada canto. O meu encanto já existia, porém eu era tímido demais pra tentar alguma coisa. Através da música, pensamentos parecidos e conversas cheias de gargalhadas, nos aproximamos. Essa intimidade me trouxe mais dor a prazer, pois descobri nela uma menina apaixonada pelo namorado, mas machucada por diversas coisas que, embora contribuíssem para que aquele relacionamento ruísse, ainda não eram o bastante e ele continuava de pé.
Por um ano e meio guardei comigo o sentimento, representando sempre uma imagem de amigo, guru, confidente e porto seguro. Nossa ligação foi intensa, forte demais eu diria, e isso fez com que o que eu sentia se transformasse em algo fraterno. Numa noite contei pra ela toda a minha história e o meu sentimento e ela me assumiu que já sabia, mas gostava tanto da minha companhia que optou por não perdê-la, fechando assim, o nosso laço de amizade num contexto muito superior a tantos outros que já tive.
Depois disso passei algum tempo sozinho, me reorganizando. Não tive um período de confusão mental, o que normalmente antecede a aceitação própria no mundo homoafetivo, mas me orientei, tomei atitudes e posições e resolvi embarcar nisso que, assumo, há muito me atiçava a curiosidade. Tão bem me encaixei neste universo que logo comecei um romance com um rapaz dono de um sorriso franco e aberto. Nos encontramos numa noite qualquer e logo de cara tivemos uma química tão intensa que, depois disso, permanecemos extremamente grudados, nos separando somente muitos meses depois. Com ele eu vivi o primeiro grande romance da minha vida. Amor mesmo, consentido. Daqueles onde é sempre fácil agradar e ganhar um carinho e os momentos juntos ficam eternizados não só na memória, mas conseguem ir mais além e penetrar no fundo da alma.
O meu rompimento com esse segundo-primeiro-amor aconteceu de forma abrupta e com a mesma intensidade que ele havia começado. Hoje consigo assumir que isso me deixou deveras amargurado, pois na época eu sofri e refleti pensando se tivesse cometido um grande erro, ainda tentando encontrar uma forma de contorná-lo. Mas o tempo trouxe pra mim a maturidade de compreender que nós devemos ser mais ponderados e sempre dispostos às situações. Hoje continuo solteiro, sem amores em vista, mas não estou desolado e sim em paz, apenas aguardando o momento certo para fechar este ciclo e começar toda uma história, de peito aberto, mais uma vez.
que bonito, gente.
ResponderExcluirdeu até esperança, agora.
ResponderExcluiracho que você não teve muito problema em descobrir a preferência pelo outro chocolate e isso me deixa feliz.
ResponderExcluire me faz querer que com todos os outros seja assim também.
porque o sofrimento amoroso já é tão difícil, quiçá aquele que, de antemão, é ligado a uma.. coisa que não sei definir mas tipo 'armadura criada pela sociedade'.
hummmmmmmmm, adorei!!
ResponderExcluirAmanhã comento detalhes.
Não sem antes dizer:
odeio pessoas que encontram imagens que correspondem ao texto.
ódEo!! rs
oieee
ResponderExcluirpode ter esperança sim, sempre.
ResponderExcluirÉ verdade, Lau. Eu não tive problemas em descobrir a minha preferência pelo outro chocolate.
ResponderExcluir(Pra entender a interna, leia: http://instanteimpreciso.blogspot.com/2011/05/gosto-refinado.html)
Só que isso nem sempre é tão fácil assim. Existem dois níveis que eu considero distintos porém importantes: assumir-se para si mesmo e, depois, para a sociedade.
ResponderExcluirÉ preciso ir contra uma série de pensamentos e concepções não só religiosas como também sociais e isso é uma barreira que muita gente não consegue ultrapassar.
Enfim, a solução para muita coisa, muita mesmo, é o respeito.
ResponderExcluirE respeito anda em falta neste século.
Rô, a imagem eu encontrei no Google. Não arrumei link porque acessei a página e ela não estava mais disponível. Então printei a tela e joguei a imagem aqui.
ResponderExcluirBeijos.
Brant, amei sua história.
ResponderExcluirConcordo com você: "assumir-se para si mesmo e, depois, para a sociedade."
Enfrentar a sociedade não é fácil, precisa se ter coragem e saber muito bem o que se quer. Dai as vitórias virão a cada dia.
Vc é vitorioso, pois conseguiu se resolver rapidinho.
No seu tempo, seu amor irá aparecer. Pode ser que não dure uma vida, mas que ele seja cheio de amor, paz e alegrias.
ResponderExcluirBom final de semana para todos!!! Beijos
own <3
ResponderExcluirdeu até esperança, agora.[2]
ResponderExcluirLindo mesmo, Taffa!
ResponderExcluir[Se eu disser que você é fofo, a Laura vai me sacanear, né?!]
Também não sofri muito com essa confusão mental, não, mesmo tendo começado um pouquinho mais cedo que você.
ResponderExcluirE o meu primeiro amor me ajudou muito a superar qualquer problema. E olha que a psicóloga dele disse uma vez que eu estava na vida dele para ensiná-lo a amar.
tão bonito ver histórias assim, que semana legal foi essa aqui no guaraná.
ResponderExcluirTaffa, eu nem pensei em fonte da imagem, acredita? Pensei na imagem mesmo, assim, com dois meninos e uma menininha...
ResponderExcluirFofo.
ó, sei que amei seu texto dessa semana também. Cê tá que tá...
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