segunda-feira, 20 de junho de 2011

O sonho de Lucas

Tema: descrição de um[a foto de um] desconhecido
Por Laura Reis

we♥it



Seus pais tinham exatos vinte e dois anos quando o tiveram. Depois do susto, afirmaram: nunca mais uma nova cria! Foi surpresa. Tristeza. E só alegria depois do primeiro ano de idade. Lucas recebeu nome de santo, não porque seus jovens pais acreditavam nisso, mas porque o avô pediu. Parece que há muitos anos foi esse o nome que ele deu ao seu amigo imaginário. Ou qualquer outra história curiosa assim.
Apesar da felicidade repentina do primeiro ano de Lucas, seus pais se separaram após três anos meio de relacionamento. A mãe decidiu ir pra fora do Brasil e o pai não queria continuar o casamento assim, de tão longe. Nem podia abandonar a empresa do pai que lutara tanto para manter. Lucas viveu, então, com o pai. A mãe, diferente das outras mulheres, não sentia que o sol brilhava tão mais assim, depois da experiência materna. Então, tudo bem.
Lucas era filho único, mas tinha mais de cinco primos. O que fez dele um menino cheio de atividades. Quando fez sete anos deu seu primeiro beijinho numa menina. Se apaixonou por ela porque ela tinha um rabicó de sua cor preferida: verde. “E todas as meninas chatas usam só rosa e rosa e rosa!”.
Desde criança ouvia rock clássico progressivo, porque seu pai tinha um monte de CDs em casa. Não tinha conhecimento disso, mas estava, ali, absorvendo muito do que gostaria pelo resto da vida.
Por vezes, teve muita vontade de ir ver a mãe. Fez isso apenas duas vezes, uma com treze anos, na época em que começou a andar de skate e ela lhe presenteou com um tênis supermaneiro. Noutra vez com seus dezenove anos, quando teve a primeira briga feia com o pai e decidiu morar sozinho.
Depois da volta, passou por perrengues, aprendeu a se virar, teve cinco namoradas, quase se casou. Quando terminou com a última mulher, numa briga feia no meio da rua, deixou o cabelo crescer um pouco e foi ver a mãe. De novo.
Na volta, foi visitar o avô e encontrou seu pai com uma nova namorada. Nunca o tinha visto com alguém. Pediu educadamente que ela se retirasse e os dois brigaram muito. Foi embora e chegando em casa, pegou The Wall, colocou no último volume e dormiu. Sonhou muito. Sonhou que sua mãe usava um rabicó verde e lhe dizia pra tomar cuidado e, em seguida morreu, no meio da rua. E ali ficou, no asfalto. Depois lhe fizeram aquele seu skate de quando tinha 13 anos de travesseiro. Daí acordou.




Ps.: LEIAM MEU POST DE SEG..SÁBADO, GENTE! 

21 comentários:

  1. "se isso é labirintite textual, porra, que que é cê tá bem"

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  2. nem sei o que comentar ..
    já li umas 3 vezes

    estou viajando no texto.
    adorei

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  3. Adorei seu texto, a foto e a historia!

    Boa semana para todos!

    Bj

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  4. Uma linha tênue entre os tempos vividos.

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  5. No último parágrafo, entre a realidade e o sonho.

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  6. Laura sob o efeito de bandas alternativas dá nisso.


    [Isso foi um elogio, ok]

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  7. Mas me identifiquei ali naquele babado de "o sol brilhava tão mais assim, depois da experiência materna"
    Isso sou eu!!!

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  8. Por que né? Brilha uma merda, a gente depois dos filhos, se brincar nem tempo de olhar pro céu tem.

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  9. A mãe, diferente das outras mulheres, Não sentia que o sol brilhava tão mais assim, depois da experiência materna. Rosanita, você não pode ter se identificado com a mãe do Lucas, pois todos sabemos que suas filhotas são seu sol. Ficou brega mas é a mais pura verdade.

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  10. As minhas filhas são tudo pra mim, mesmo. Metaforicamente falando são os sóis da minha vida.
    Mas vamos combinar: eu, Rosana, achei um cu isso de não ter tempo pra nada, ficava cansada, muitas vezes e, na maioria delas, nem que eu reparava isso de sol e blablablásss

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  11. ai.. sou foda ne?
    rafael baeta me ajudou, liga pra ele gente!

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  12. ah.. e eu tinha colocado que nome de lucas era de anjo.


    SOU ESPERTA?

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  13. sim, bandas alternativas e fora do eixo. HAHA

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  14. e mãe essa parte é pra/por/sobre você sim.
    o sol

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  15. ♪ Meu filho vai teeeerr nome de saaantoooo ♫

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  16. Uma criança que ouve rock progressivo e que deixa o cabelo crescer quando cresce.

    Coerência define!

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