Tema livre
Por Rafael Freitas
"Viver é muito perigoso". Tenho vontade de socar o Guimarães Rosa quando encontrá-lo por não ter me dado a oportunidade de criar essa frase. "Viver é muito perigoso"... Concordo. O dia acorda lindo e azul, mas sem garantia de que estará assim às três da tarde, ou às cinco... Ou se teremos estrelas pra uma noite bonita.
Nossa vida vai acontecendo com dias azuis, tardes chuvosas e noites estreladas ou não. Adoro metáforas, percebam. Toda metáfora exige um pouco de coragem, de risco. De não funcionar, de não se fazer entender, de parecer ridículo. O que é a vida se não a grande metáfora?
E no meio do perigo todo, do vento forte que arrasta tudo antes daquela chuva da tarde, sentimos um desânimo... Tudo errado, tudo, tudo, e agora, pra onde e quando, até quando? É... Viver é isso.
Mas talvez haja um segredo. A chave que abre um tesouro. E do baú saem as lembranças dos dias bonitos e azuis. E elas contam que a felicidade é maior que a bagunça causada pelo vento que antecedeu o vendaval que instalou aquele desânimo. E você percebe isso sentado numa cafeteria tão doce, com as paredes desenhadas a giz com frases bonitas e um desenho do Pequeno Príncipe (me chamem de clichê, mas nunca deixarei de amá-lo!), e tem café bom, amizade e música boa. E você percebe quando pega a felicidade em caixas de lápis de cor e a espalha pela vida toda em ramos, ramos, flores e flores. E você assume que é todo amor sem se sentir piegas, cafona, e decide que esta é a palavra que precisa estar na decoração do seu quarto, num porta-livros, na parede, tatuada no braço, ou na testa que é pra todo mundo ver de cara, pela vida afora.
Viver também é isso. E um tanto mais de um tanto. Que venha o perigo das tempestades nos tirando o chão; que venham todos os azuis, baús, tesouros, piratas, cores, amor e tudo. Porque "viver é etcétera". (E o Guimarães um sábio.)
Elucubrações dos últimos dias, gente. E sim: vai ter porta-livro ou qualquer outro enfeite com a palavra amor!
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