sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Do que somos e do que queremos ser

Tema livre
Por Taffa

Ultimamente voltei a pensar sobre aquele debate que existe há tempos a respeito das fotos que as pessoas colocam em seus perfis nas redes sociais. Há aquelas pessoas que dizem que as fotos de perfil não são confiáveis, pois são carregadas de photoshop e muitas vezes descaracterizam os usuários.

Tá certo que, às vezes, o rosto pode não estar tão liso e um retoque na pele para fazer aquela espinha inesperada sumir é algo bem-vindo. As pupilas dos olhos podem ter saído vermelhas por causa do flash e uma correçãozinha não faz mal a ninguém. O que parece incomodar, de fato, é o excesso de uso da ferramenta de correção. Quilos são perdidos, cabelos são alisados, olhos castanhos ficam verdes – quando não azuis – e isso me traz uma interpretação que vai muito mais além do que simplesmente ficarmos bonitos nas fotos que colocamos nas redes.

A foto do perfil é a imagem que usamos pra contar toda uma história para as demais pessoas. É o que usamos para dizer “eu sou desse jeito e quero que você me enxergue assim”. É a primeira impressão que causamos em muita gente que não nos conhece e acaba chegando ao nosso perfil por uma eventualidade. Quando não usamos fotos, procuramos por imagens que, de alguma maneira, também nos descrevam. Desenhos infantis e personagens que consideramos marcantes são exemplos. A foto do perfil deixa de ser nossa foto, mas não deixa de ser nosso perfil.

Muita gente não concorda com as fotos extremamente retocadas, mas talvez aquilo seja um reflexo muito mais profundo do que simplesmente parecermos bonitos nas redes. Uma imagem que estampa nosso perfil e que não seja de toda verdade nossa, traz à tona a insatisfação que estamos sentindo com nossa própria imagem. Com nosso íntimo. É uma maneira de deixar transparecer que não somos da maneira que queremos e usar uma ferramenta que está ao alcance de um clique para fazer retoques nas fotos é algo muito mais simples que mudar por completo a nossa rotina. Perder peso e aumentar os seios se transforma em algo tátil sem ter de ir a uma academia ou desembolsar milhares de reais para fazer uma plástica.

Talvez a foto de perfil seja, de fato, algo muito mais profundo e íntimo do que as pessoas imaginam. Talvez ela retrate o que realmente somos ou, quando não, algum personagem ou pessoa que gostaríamos de ser. Talvez a foto seja um reflexo da autoestima gritando a plenos pulmões um “sou assim, sem correções, sem tratamento” ou o último suspiro de um íntimo fragilizado tentando se fazer aceitável diante de uma sociedade. Ou, talvez, eu esteja imaginando tudo isso e a foto do perfil não seja nada além de uma imagem que usamos para estampar uma página qualquer. É... talvez.

8 comentários:

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