quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sentença condenatória

Tema: profissão que jamais atuaria
Por: Rosana Tibúrcio
lauradeponte


E numa segunda-feira qualquer – sentada na mesma cadeira; atrás do mesmo balcão; em frente a um grupo basicamente homogêneo; com o mesmo estilo de agenda que usa há décadas, ganhada de vendedores; com uniforme cafona igual ao das colegas de clínica; atendendo ao telefone já velhinho – Juliana inicia um novo diálogo muito parecido com os demais que teve, ali naquele lugar, desde sempre.
- Consultório do Dr. Arthur, boa-tarde.
- Quero marcar um horário amanhã com o Dr. Arthur, tem como?
- Tem sim, há vaga às 10 e às 16 horas, senhora.
- Às 16h pra mim está bom.
- A Sra. poderia me informar nome e telefone?
- Sou a Felisbina Camargo Mariano Salve Salve, fone 5555.5555.

Na terça-feira da outra semana chega Salve Salve no local.
-Boa-tarde, Juliana
- Pois não, senhora.
- Marquei uma consulta pra hoje às 16h, sou a Salve Salve.
- É sua primeira consulta com o Dr., Dona Salve Salve?
- Não, Juliana, vim aqui no ano passado, você não se lembra de mim? Eu me lembro de você [?!?!]
- Desculpa minha senhora, mas não me recordo, é que eu atendo muitas pessoas por dia.
- Mas deveria porque eu sou a Fulana blablablá Salve Salve.
Juliana engole seco, respira fundo, mas não responde à provocação da Salve. Ela apenas pede que a mulher aguarde mais um pouco para encaminhá-la ao consultório. E assim faz.

Enquanto no consultório o Dr. Arthur apalpa Dona Salve Salve de cá e de lá, Juliana continua sua saga junto à agenda, telefone e pacientes impacientes.
O Dr. pede que a Sra Salve se dirija à Secretária (cadê o nome de Juliana, Dr.?) pra um retorno em sete dias.
- Para daqui sete dias? Nossa, agenda lotada!
- Quero nem saber mocinha, (Alzheimer atacou Salve salve, pois esqueceu o nome de Juliana) o Dr. pediu pra eu voltar e vou voltar.
- Claro, minha senhora, faz assim: volte no horário que for melhor para a senhora, nem precisa me ligar marcando. Quando chegar aqui, encaixo a senhora entre um e outro paciente.

Passado os sete dias volta a Dona Salve Salve e fala: moça, (ex-juliana e ex-mocinha) tenho um retorno com o Dr. Arthur e você pediu pra que eu viesse qualquer hora.
- Qual o nome da senhora mesmo, por favor?
- Como assim você não lembra meu nome, de novo? Você é burra por acaso?
- Desculpe minha senhora, mas são tantas pessoas que atendo e sempre tão rápido que, às vezes, não me recordo do nome e preciso dele pra pegar a ficha da senhora.
- Meu nome é Salve, salve... diz a madame resmungando: “vai morrer atrás de um balcão, é burra demais...”
FIM!

Francamente? Trabalhar para um chefe que não fala meu nome pros pacientes; vestir uniforme cafona; sentar na mesma cadeira, atrás do mesmo balcão; lidar com pessoas que se acham, como a Salve Salve; receber pragas de todo tipo; e, ainda por cima, viver de encaixar gente entre um e outro paciente? Tô fora! Comigo não!!!!

Ser secretária, sobretudo, de médico, jamais povoou meus sonhos infantis, nem adultos. Que Deus me livre e guarde, mas ser gari, adestradora de animais, ajudante de pedreiro, irmã de caridade, doméstica, puta, agente funerário ou penitenciário, aeromoça, enfermeira, cobradora de ônibus – outras profissionais que nunca desejei ter – estão, pra mim, bem acima da secretária, que considero a profissional mais sem criatividade e sem quase nenhuma possibilidade de novos aprendizados no dia-a-dia. É isso!


Uma linda quinta-feira pra todos vocês, minhas gentes, porque nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há uma revelação bombástica: secretária de médico não é profissão, é uma sentença condenatória.

19 comentários:

  1. Tudo bem que eu quase ofendi os profissionais desse ramos, mas ó, venham ler e comentar... hauahsu

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  2. não considerei ofensa.
    só foi bem sincera e séria a abordagem, até agora os posts tinham sido brincalhões.

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  3. mas ainda acho que ser vendedora em loja de roupas [e demais coisas] femininas é a pior coisa do mundo.

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  4. eu sempre quis ser secretária, quando criança.
    sempre briquei de ser.
    adoro.

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  5. taffarel quis dizer que temos que levar os posts mais a serio, é isso?
    isso eu considerei ofensa.

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  6. espero que amanhã eu não veja nenhum rastro de brinks ok brant?

    OK BRANT??????????????????!!!!!!!!!!!

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  7. mae a salve salve é mal amada, mas a ju adora atender a marina, por exemplo.

    quando a marina chega, o dr. até lembra o nome dos filhos da ju.

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  8. Mas Taffa, vamos pensar comigo: a vendedora de loja trabalha, pelo menos, com gente que tá com a autoestima mais elevada, acha não? Elas encontram com roupas e acessórios diferentes, agora, secretária de médico é sempre,sempre a mesma coisa.
    Mas também eu não gostaria de ser vendedora.

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  9. Laurinha, a maioria das crianças quer ser secretária. Ou professora.
    Professora até quis ser, aliás, sou pedagoga, mas secretária.
    Eu era uma criança diferente, confesso.

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  10. A Laurinha brava é uma COISA!

    Taffa, eu não deixo ela judiar docê, vem cá!

    Eu chamo o Osama pra ela.

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  11. VAI LÁ OSAMA, SOLTA UMA BOMBA NELA. [laura]

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  12. Nossa, já sonhei em ser secretária também, mas provavelmente seria demitida pelas ligações telefônicas.
    Não ligaria pra ninguém, isso não, mas ficaria horas com quem me ligasse .. hahahaha (as pacientes, é claro)
    .

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  13. vendedora de roupas aff, não seria também.

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  14. Lembrei de uma amiga minha, chamada Juliana, que já foi secretária de médico.

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  15. estão, pra mim, bem acima da secretária, que considero a profissional mais sem criatividade e sem quase nenhuma possibilidade de novos aprendizados no dia-a-dia.

    Gente, isso eu achei maldade!

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