Tema: Amar e...
Por Vanderley José Pereira
Fotos do casamento, minha mãe disse que ninguém tem, mas pelos detalhes dados, o casal era bem parecido com esse aqui. Mamãe até achou que de fato era foto do casório de sua irmã. Se você conhece o casal retratado nesta foto, clique aqui. |
Sempre me pergunto o que é o amor. A resposta sempre me gera mais dúvidas. Tudo é relativo. Depende do momento, depende da pessoa a qual pergunto e por aí vai...
Há pouco tempo conheci um casal em que o amor salta aos olhos. Acho que eles são a essência do que é amar! Achei a simplicidade do amor deles linda e, por isso, quis descobrir como aquele amor começou. Comecei a investigação com minha mamãe, famosa Dona Jerônima, ou Dona Roma, apelido de infância. Em meio a “Willian, me deixe em paz!”; “Essa parte eu não lembro”; “Isso foi há muito tempo, Willian” descobri a mais bela historia de amor.
Eu que já estava maravilhado com o casal e até fiz um filme intitulado “O mutirão da Chica”, tamanha minha admiração pela historia deles, fiquei ainda mais encantado ao descobrir como tudo iniciou.
Foi no enterro do senhor Sabiá que tudo aconteceu. Sabiá era um homem simples, um jeca, andava descalço, tinha aroma de fumo de corda. Tinha esse apelido devido a duas características: Cantava como um passarinho e chamava-se Sebastião Biá. Era contador de causos e tinha o titulo de melhor animador de velórios da região. Sim! Animador de velório, por que não? Mas aquele velório ele não animaria. Era o seu.
Jerônima, sabendo da tradição do seu pai em fazer do momento de tristeza, pura alegria, tratou de procurar outro animador, enquanto convidava todos para a despedida final. Na venda da região todos recomendaram Zé, homem de poucas palavras. Vindo do agreste nordestino, ele estava ali fazia algum tempo, mas ainda assim não era um cumpadi da região. Jerônima informou o triste ocorrido e Zé se prontificou a ir. No velório, tudo pronto: senhoras rezando o terço, crianças brincando, comida na mesa e o morto ao centro.
Em um canto da sala, uma moça se destacava: com vestido de chita, sandália de dedo e cabelos soltos e assanhados, ela mais parecia um anjo. Chorava, chorava. Estava inconsolável. Em meio à lágrimas, pais-nossos, soluços e ave-marias a beleza era nítida.
Zé, que conhecia bem Sabiá, nem pestanejou e começou a fazer as “brincadeiras” que Sabiá sempre fazia. Contava um causo e intercalava com uma piada, e aos poucos o clima pesado ficou ameno e a moça até abriu um sorriso, que já se apresentava com uma falha nos dentes. No enterro, todos deram o último adeus e voltaram para a fazenda jantar.
Zé não tardou em conversar com a moça. Ela, que era pura e imaculada, ficou sem jeito, desconfiada, mas queria tanto quanto ele conversar. Afinal aquele homem era nobre e a ajudou naquele momento. Entre uma conversa e um suspiro com um balançar de cabeça, hora confirmando e hora negando, Zé descobriu o nome da moça, Francisca, tratada como Chica. Além disto, descobriu que ela era de uma órfã de mãe e acabará de perder o pai, o velho Sabiá, restando somente sua irmã que morava a léguas dali.
Aquele homem compadeceu sobre a triste vida da guria e se viu completamente apaixonado. Rapidamente, aproveitando que a família já estava reunida e sem nem ao menos conversar com Chica, pediu a palavra:
– Oia, eu num sô bom com as palavras e num tenho muito a oferecer, mais sou trabaiador e tô quereno me casá com a Chica.
– Então, Chica – voltou o olhar para a moça, que estava assustada com o que acabará de ouvir –, sei que seu pai se foi e essa num é a mio hora de fala essas coisa, mais cê qué casá cumigo?
A jovem, com os olhos arregalados, ficou sem palavras e quando inflou o peito, num nítido sinal de que iria responder, Jerônima levantou e disse:
– Cê é doido, é? Minha irmã nem te cunhece, ela é moça de famia. Só vai casar se tiver a bença do meu falecido pai.
Neste momento, uma revoada de sabiás adentrou a sala. Todos os presentes ficaram mudos e ao fundo o som dos pássaros ecoou. O silêncio só foi quebrado pela voz delicada de Chica:
– Mana, essa é a bença do pai. Vou casar com o Zé porque é o que quero – falava ela com o ímpeto de quem estava certa – e vamos ter uma vida a dois.
Do pedido até o casório, menos de três meses se passaram. Tempo necessário para fazer as carnes de lata, os doces e organizar a cerimônia.
Em meio à tragédia o amor aconteceu. Dizem que o amor dói e que é uma “dor boa”, talvez essa seja a essência para aquele casal, pois em meio à dor da perda o amor foi semeado e ainda hoje é cultivado a duras penas, sobrevivendo a todas as intempéries. Mas isso já e outra história.
Pela descrição dada pela mamãe a capela que eles se casaram é igual a essa, localizada próximo ao povoado dos Bálsamos, veja detalhes aqui. |
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Amar é...
...Piuuu uu u u u u u.
(ter códigos que só o seu amado/amor/companheiro/amante/amigo/cúmplice entende)
Te amo, Taffarel.
Limão
Gente esse texto foi tirado a fórceps.
ResponderExcluirA capela fica na entrada de onde eu estudava, quando pensei em escrever sobre um casamento de um casal humilde me veio logo na cabeça a imagem dela. Acho de uma beleza ímpar essa foto!
ResponderExcluirChica e Zé de novo!
ResponderExcluireu gostei do texto. é bem fofo. mesmo.
ResponderExcluirpiu, rs
ResponderExcluirpiu!!!
ResponderExcluirObrigado
piu
ResponderExcluirAchei bonitinho o piu. Mas falando em piu, uma piada de velório. Pipiu pra gente aqui é aquele trem dos home.
ResponderExcluirhehe
Voltando ao post que é o que interessa. Eu creio nessa dos sabiás entrando e cantando lá pra abençoar o pedido do noivo.
ResponderExcluirQue triste dela sem dente, né?
Amar é dizer sim. Sem paixão.
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirPipiu Rosana... kkkkkkkkkkkkkk
Então, no outro post eu coloquei ela banguela, neste ela só tem uma falha, no próximo eu coloco dentadura!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirRosana, vc é ótima, tô Ressuscitando de rir dos comentários, pq eu morri ao escrever esse texto!