Tema: viajando nesse cheirinho bom
Convidado: Vanderley-alemão-limão-nosso
Arquivo: Vanderley-alemão-limão |
Acordava com o cacarejar do galo: um despertador preciso. Basta o sol raiar para ele inflar o peito e chamar todos. Quando eu digo chamar, é chamar mesmo, tinha a impressão - na inocência de minha criancice - que o galo me chamava para tomar o café da manhã. Como não podia ter essa impressão? Ele chamava, eu levantava, e lá estava, o café coado, e o pão de queijo quentinho, prontinho. Eu viajava nesse cheirinho bom de carinho, amor e afeto. Fartura era sinônimo de felicidade. Acho que era esse o modo de mamãe dizer: te amo! Um te amo saboroso.
Hoje, numa vida que julgava que era a sonhada dou valor nas pequenas coisas daquela época. Hoje ao reunir com amigos para tomar um café – expresso –, não sinto mais o sabor do tempero da cozinheira, tão pouco o cheiro de aconchego vindo do fogão, hoje nem fogão tem, quiçá um fogão à lenha – movido pelas chamas do afeto.
No campo, as pessoas tinham orgulho de convidar as outras para adentrar em sua casa. Recusar, jamais: era desfeita, um insulto à boa vizinhança. Se bem que no campo, o termo vizinhança é pouco usado; todos são amigos, parentes e conhecidos. Se não são, é questão de tempo para serem. Todos são íntimos, numa intimidade conquistada a duras penas. É difícil conquistar a confiança do homem da roça. Para conquistar você tem que ter habilidade. Se você acreditou nisso, desculpa, mas você não conhece as belezas da ingenuidade interiorana. Para virar amigo desse povo matuto, basta abrir sorriso e dizer: bom dia! No minuto a seguir você já é de casa, e, se você for bem visto, pode até, ganhar um apelido.
Era lindo ver as pessoas se tratando por apelidos, uma espécie de código que apenas os pertencentes ao local conhecem. João Velho, Zé da Chica, Alaor do Abacaxi, Noratim, Quinzote, Maria da farinha, Maria do Briante, são só alguns dos codinomes. Mas eles, também, atendiam por João Venâncio Firmino: que ficou sendo João Velho por ter outros dois irmãos também com o nome de João; José Eurípedes da Silva, vulgo Zé da Chica, pois sua mãe Dona Francisca era uma importante benzedeira da região... e por ai vai. Não sei! Mas acho que esse tipo de nomeação dada era para todos serem iguais: patrão, empregado, vendeiro, vaqueiro, em suma todos.
Que diferença gritante com a vida corrida de hoje. Todos exigem ser tratado pelo nome, de preferência o nome inteiro e, às vezes, exigem mais, exigem um título vindo antes do nome: Doutor, Senhor. Nesta vida corrida, não é só a forma de tratamento que mudou; às vezes a indiferença é tamanha que vemos pessoas próximas, não em parentesco, mas quanto a distancia – vizinhos –, marcando de se encontrar no próximo mês e por email, para tomar um café (expresso), esse, sem aquele cheirinho bom, dos velhos tempos, do café feito por mamãe, do café à lenha. Isso tudo me faz perguntar: é essa a vida que escolhi para mim?
Uma linda quinta-feira para todos vocês, minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há: surpresaaaaa, cheirinho de café, fazenda e de lembranças olfativas-amorosas-felizes... com gostinho de rapa de limão!!! - Rosana, a boUUUa!!!!
Vontade de ir pra roça!!!
ResponderExcluirHelô
Nossa que orgulho...
ResponderExcluirmeu texto está no guaraná...
só para constar, nada ai e fictício (foi tudo baseado em meus contatos na fazenda, com mamãe, meu padrasto e nossa vida), incluindo os códigos (nomes das pessoas)... e essa foto e de minha ex casa, antes de ser desmanchada..ahh...mais uma vez obrigado Rosana pelo convite...
ResponderExcluirAmei!!!! LINDO .... simplesmente sublime! bj
ResponderExcluirvc é demais DRIKA, até o adjetivo que eu aplico a mim (por pura humildade e por verdade que é) você usou...
ResponderExcluirQue lindo Vanderly! Quantas boas lembranças, não é mesmo?
ResponderExcluirNossa. Esse texto ficou formidável.
ResponderExcluirQuase um arrependimento ter ficado tão ocupado o dia todo e vir aqui lê-lo só agora.
ResponderExcluirSó eu ri na hora que são explicados os codinomes dos interioranos?
ResponderExcluir:D
ResponderExcluirNossa. Esse texto ficou formidável. [2]
ResponderExcluirLimão!
ResponderExcluirAdorei sua estreia por aqui!
Vai virar "freguês", hein?!
Eu sei fazer surpresa pra todo mundo. Ninguém me elogia, né?
ResponderExcluirVolto depois. Ameio texto, amei o limão dentro do Guaraná.
Luxenta!!!
ResponderExcluirobrigado gente... tendo o convite eu volto, adorei participar...me senti um guaranete...
ResponderExcluirRosana vc não é BoUUUA apenas, vc é necessária, é TDB
ResponderExcluirAdoro cheiro de fazenda, de bosta de vaca. Pronto, falei.
ResponderExcluirCafé no fogão à lenha com coador de pano. É o melhor do mundo.
ResponderExcluirQuero ir numa fazenda que não tenha cachorro. Nem gato. Nada contra os bichinhos, só pânico mesmo.
ResponderExcluireu tambem amo o cheiro de bosta de vaca, para mim é cheiro de dinheiro.
ResponderExcluirAdorei o post e o fragmento dos nomes... É bem cultura roceira mineira isso de dar apelidos conforme características ou filiação.
ResponderExcluirCafé expresso não tá com nada.
ResponderExcluirNas quintas há algo diferente no ar. Nessa, cheirinho bom de fazenda.
ResponderExcluircheiro de bosta de vaca = cheiro de dinheiro. AdoUUUro!!!
ResponderExcluirLimão é guaranete pra sempre.,
ResponderExcluirobaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirLimão .. cê perdoa eu né? .. por não ter vindo antes ...
ResponderExcluir..
..
pode me chicotear rsrsr
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNão me lembro a última vez que fui em uma roça ..
ResponderExcluira única certeza que tenho .. é que guardo ótimas lembranças de quando estive em alguma delas ..
me lembro de um tio, da minha época na infância, Tio Tõe. E guardo com muito carinhos as lembranças que tenho de algumas roças que ele me levava. Era tudo tão diferente e tão, tão maravilhoso. O café realmente era servido assim que acordávamos com o galo cantando e o mais inacreditável era o almoço servido às 10 da manhã, às vezes, antes disso.
que delíciaa
ResponderExcluirmeu sonho é que eu tivesse crescido num ambiente assim.
ResponderExcluirtalvez seria menos medrosa, menos medrosa e menos medrosa.
limão, a sua história, ou suas histórias, são boas demais. mesmo.
ResponderExcluiras suas suas. que viveu e tal.
continuarei batendo na tecla de uma biografia em livro ou filme pra você.
e esses convites da rosaninha pras pessoas diferentes rendeu numa bronquinha que dei a ela que se resume em: você briga com a gente que não posta no dia, mas vive colocando gente pra postar pra você...a gente pelo menos é honesto!!
ResponderExcluirme apoiem! hahaha
[se bem que.. comentando tãããão atrasado, só rosaninha que verá, certeza..]
mas gente: ♥
obrigado Laurinhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirahhhhhhhh muleca, para de reclamar das minhas virtudes: convidar gente boa pra postar na quinta.
ResponderExcluirNão briguem por minha causa! tem amor para as duas!
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