Tema: minha maior dúvida
Por: Rosana Tibúrcio
Existem dúvidas de ordem pessoal, sexual-romântica e profissional, se é que vocês não sabem (dãnnn). Como eu sou uma pessoa discreta, muito pudica e séria, vou falar dessa última "ordem".
Foi muito sem querer que entrei nessa história de orientar,
formatar e dar pitacos em trabalhos acadêmicos; no que, ironicamente, denomino “senzala
intelectual”.
Quando saí do BB me vi sem grana e trabalho fixos e cismei de vender
livros personalizados. Talvez o primeiro dos grandes erros pós-BB, pois vender não é minha praia (mas isso é papo para outro post).
Depois de terminar a faculdade, enquanto vendia os livros e estudava
para concurso, comecei a auxiliar alguns trabalhos na área de Direito "até quando eu passar num", eu dizia. Fiz 555 mil concursos. Você
passou? Eu não!!
Para sobreviver continuei fazendo o que - acredito - sei fazer muito bem: dar pitacos em trabalhos acadêmicos alheios.
Mas não fiquei
parada no tempo: fiz um curso na ABNT (louca para fazer outro, vou confessar, mas tá muito difíci$$$),
lia e leio o tempo todo sobre pesquisa acadêmica, ciência da pesquisa e matérias afins, além de aprender, sempre, com o que alguns bons orientadores ensinam aos meus clientes.
Porém, nem sempre posso oferecer o melhor de mim. Parece brincadeira, pois vira e mexe eu
'trombo' com a mesmice, com o medíocre e com gente que não quer mudar,
melhorar, progredir.
Minha sorte? É que
de vez em quando eu encontro gente esforçada, inteligente, que leva fé em
fazer um trabalho primoroso. Aí é a salvação da lavoura... oppps, das árvores (haja desperdício de papel para tanta produção ruim).
É por esses gatos pingados que prossigo nessa labuta sem fim.
Tento fazer a
minha parte, mas nem sempre o aluno, o professor ou a faculdade querem minha
contribuição. O que é pior: não aceitam minha contribuição. Eles optam pelo: "igual", pelo "não precisa
melhorar isso" ou pelo "tá passando de bom". É assim que ajudo -
mesmo sem querer - a carimbar essa mediocridade, a gastar o dinheiro dos pais,
a aumentar o consumo de remédio (o que não presta também estressa), a fazer
parte desse faz de conta.
Na minha senzala intelectual o que mais percebo é um bando de cópia de outros trabalhos. E o que é pior: cópia muito da mal feita. E quase sempre os envolvidos: faculdade, professores e alunos nada fazem para melhorar essa questão.
Constato com muita tristeza que a maioria dos alunos faz o trabalho de conclusão de curso, o tão famigerado TCC, por fazer, "tão nem aí"; que inúmeros "orientadores" não sabem o que é um trabalho com rigor científico e pegam no pé de aluno para questões imbecis como: um tracinho ali, outro tracinho acolá e que algumas faculdades tapam o sol com a peneira.
E nessa lenga-lenga sem fim, muitos dúvidas vão me passando pela cabeça, mas a maior delas é: até quando, meu Deus do céu, eu vou ler, sem poder fazer muita coisa, tanta cópia mal feita com o nome de TCC?
Uma linda quinta-feira para todos vocês, meus amores, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há um texto iniciado em abril deste ano, época em que estava puta da vida chocada com tanta "produção" ruim que peguei para trabalhar.