sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Crônica para quem conversa enquanto dorme

Tema: Livre
Por Taffa

Google

Naquela noite despertou assim que sentiu que havia mais alguém no quarto. Ainda com a cabeça deitada no travesseiro, arriscou abrir um olho para tentar enxergar algo, mas não viu ninguém. Segundos depois escutou, vindo do breu, um suspiro que reconheceu ser o de sua mãe e chamou-a com a voz rouca para que se aproximasse. Do outro lado do quarto ela veio, ainda descabelada e com os olhos apertados, para fazer um carinho no filho. “Eu fiz de novo?” A criança sussurrou e com um sorriso preocupado a mãe assentiu: “Amanhã vou te levar ao médico”.

Levou. De nada adiantou. Na verdade, aquele seria apenas o primeiro de diversos psicólogos e neurologistas que a criança ainda conheceria na vida. O garoto retraído que passava os dias em silêncio e só conversava quando lhe direcionavam a palavra parecia se tornar outra pessoa quando caía no sono e começava a sonhar. Nas últimas noites, inclusive, a mãe havia percebido que o bate-papo havia se intensificado e agora sempre ouvia palavras soltas, frases completas que certamente faziam parte de diálogos, cochichos e até mesmo versos de poesias.

O ritual continuou acontecendo pela vida. Após tomar algumas atitudes drásticas – como dar todos os tipos existentes de chás calmantes para o filho; matriculá-lo no caratê, natação e inglês para que ficasse cansado e sonolento e, inclusive, ter se estressado certa vez com as confabulações da criança, acabando por colocá-la do lado de fora da casa e ameaçando que se não se calasse iria ter de dormir por lá – a mãe resolveu aceitar a realidade e deixar de vez o menino conversar em seus sonhos.

Tal foi sua surpresa ao perceber que a matraca do garoto se calou assim que atingiu a pré-adolescência. Agora o que tirava o sono da mulher não era mais a conversa do filho no quarto ao lado, mas a sua ausência nas noites que saía com os amigos para um lugar qualquer. Foi aí que viu o quanto aquela prosa lhe fazia bem, lhe trazia paz. Anos depois, após a puberdade, o menino saiu de casa. As conversas durante o sono voltaram – de maneira infrequente e ocasional –, muito provavelmente causadas pelo estresse da vida de quem mora sozinho, mas não era nada a se preocupar.

Ultimamente o menino encontrou um colo: alguém para cuidar e ser cuidado. Logo no começo avisou que às vezes batia um papo com Morfeu, mas acabou soltando palavras durante o sono que incomodaram quem estava deitado ao lado. Murmúrios de cunho tão sério que geraram uma longa conversa, desta vez com ambos acordados. Diálogo terminado, dois lados ajustados e um sentimento de bem querer compactuado. Dizem que agora o garoto parou de conversar, buscar ou chamar durante o sono. Imagino que percebeu que já tinha ao lado o que precisava, sem a necessidade de procurar no devaneio algo ainda a se realizar. Por isso ele deixou de falar e passou a simplesmente sorrir, toda noite, ao fechar os olhos, envolver com os braços e sentir a reciprocidade do sentimento que existe ali.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Jeito estranho de gostar e desgostar



Tema: livre
Por: Rosana Tibúrcio

Quem nunca mudou de opinião um dia, né minhas gentes? Você? Ah, então fique em cima daqueles muros cheios de cacos de vidro e cante o Hino Nacional todinho sem errar.  

Houve um dia que eu gostei dela, achei a voz linda, ela linda, meiga, sorriso meio fechadinho, talvez por timidez, mas sorriso lindo. Roupas de boneca afrouxando aquilo que denominamos cintura.
Aos poucos fui percebendo que a tal moça nem abria a boca direito e fui ficando preocupada. Não sabia muito bem como era no tempo dos espartilhos; história nunca foi meu forte e, apesar de ser anciã, não peguei essa moda. Por outro lado, tenho uma longa experiência em roupas me apertando. Afinal, não nasci gorda e não fiquei gorda da noite pro dia. Foi aos poucos: as roupas apertando tudo e eu trocando por outras.

Mas... voltando ao que interessa (ou não... rs)

Aí a moça apertada me pareceu ter sempre um pum contido e uma cabeça prestes a explodir: comportamento de gente que usa roupa muito apertada num dia qualquer. Dirá o tempo todo e, talvez por isso, a moça linda me pareceu, a cada dia, mais antipática. A roupinha de boneca ficou cafona e ela ficou muito cafona. E chata. E apertada.

Nunca imaginei que fosse deixar de gostar de uma cantora em virtude das roupas usadas por ela.

Hoje, fazendo uma pesquisa a respeito da do pum contido (haushaushushau beijos, Google) li uma frase dela em resposta às críticas que recebe de quem não gosta do seu estilista: “O que importa é que eu me sinto bem quando saio de casa. Porque eu sou cantora, não modelo.” [oi?]

Pausa! Que tal respirar fundo: inspira, expira, inspira... (se você tiver roupas leves, soltas; se apertadas, não tente) 

Vamos a outra cantora. Houve um tempo que eu não gostava muito da voz dela e implicava com aqueles vestidos largos e meio que feitos para esconder gorduras que, provavelmente, ela não tinha. Passei a gostar: da voz dela, de ouvir mais as músicas suaves embalando minha senzala intelectual, de vê-la cantar e do jeitinho meigo que aparentava ter com todos que estavam por perto. Mas ainda implicava com os camisolões.
Nessa semana li, não sei nem de onde veio, uma pequena entrevista dela – de 2009 – que é uma doçura. Nela, a cantora lindinha dizia: “gosto de roupa confortável, nunca justa e que seja versátil.”

Fernandinha Takai, já amo seu guarda-roupas para sempre. Mas posso te pedir um favor? Converse com a Paula Fernandes e dê a ela a oportunidade de soltar aquele pum contido, ser mais meiginha e, quem sabe, eu voltarei a ser fã dela? Grata, sua linda!!!

Paula apertada, se solta fia. E solta esse peido travado, vai. 
Não, não precisa me agradecer!!!


Uma linda quinta-feira pra todos vocês, minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há, na minha imaginação um papo entre o estilista das duas meninas: 
- Solta mais um pouquinho...
- Afrouxa só mais 1 cm...
- Ui, que horrível amiiiga
- Mau gosto é você, biiiiba


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Alguns Tops


Tema Livre
Por: Nina Reis

5 vontades
- mais tempo
- mais dinheiro
- mais ideias
- menos saudade
- menos TPM

 3 músicas
- You Give Me Something – Marcela Mangabeira
- Billie Jean – Bárbara Mendes
- Don´t Stop The Music – Marcela Mangabeira

1 saudade
-  Guaraná com canudinho

Mais 1 pedido
- desculpa pela demora

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A primeira vez.


Tema: livre.
Por Laura Reis

Não. Não é nada disso que você está pensando. Essa é a história da primeira vez que uma amiga minha não quis mais existir.

Sempre que o dia começava, o pensamento de que poderia ser melhor que o anterior era uma certeza. A única certeza.
Então, naquele sábado combinou com seu novo namorado de que, finalmente, iria pro almoço na casa dele. Conhecer os sogros, os cunhados e até o cachorrinho que ele tanto falava que ela gostaria.
Ele chegou pra lhe buscar em casa e elogiou a produção. Que ela estava detestando. Ousou colocar um vestido em vez de suas seguras e confortáveis calças jeans de cada dia. Mas é que precisava parecer um pouco mais feminina pra nova família. Certa vez o contrário não deu muito certo.
Infelizmente escolheu o sapato errado. Não que o salto lhe fosse um problema, mas é que era aquele que apertava o calcanhar. Ou o tornozelo. Ou o... nunca sabia os nomes das partes dos pés e pernas e tronco e braços.
Começou a perguntar como estavam as coisas lá na casa: a mãe, os irmãos, a cachorrinha estava de bom humor, o que ele disse sobre ela pro pai. Ele riu de todas as perguntas e só disse que a mãe havia preparado um cardápio especial.
Ouviu a palavra cardápio e ficou vermelha, roxa, cinza e deu uma segurada de leve no braço que ele segurava o volante: o que ela fez? – perguntou, lembrando que ele ainda não sabia que ela era vegetariana. (E isso não é tão estranho assim, se considerar que ela sempre evitava sair pra lugares com comidas no cardápio, só pedia seu chopp e nunca tinha chamado ele pra sair pra comer alguma coisinhas nesses..cinco meses de namoro. Ok, é estranho. E em qualquer lugar ela poderia inventar que já tinha comido em casa e não estava com fome, mas não num dia especial de almoço junto da família do namorado.) Ele, claro, riu mais uma vez e continuou a falar sobre outro assunto aleatório.
Decidiu esquecer isso. Só que não conseguia. Não até chegar na porta da casa dele. Que, aparentemente, já conhecia. Sentiu que já havia passado por aquilo antes e chegou a comentar com ele, mas chegaram a conclusão de que era um deja vu qualquer.
Mas, claro, não era. Ao abrirem a porta viu aquele mesmo casal e aquelas mesmas crianças gêmeas e aquele mesmo cachorro que conhecera há dois anos quando começou a namorar... aquele que vinha chegando na porta pra se juntar ao resto da família: o irmão de seu atual namorado.
É que na época ele (o atual namorado) estava pra um intercâmbio.
E desde que aquela mesma mulher lhe preparou um lombo assado nunca mais quis saber detalhes da família de nenhum rapaz.
É.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

DECRETO - PRORROGADO!!!

(Perdão pela CAIXA ALTA no título, mas é que: muito importante)


Por meio de seus respeitáveis integrantes Laura Reis, Rafael Freitas, Nina Reis, Rosana Tibúrcio e Taffarel Brant e, a partir de hoje, dia 6 de agosto de 2012, o Guaraná com Canudinho, este blog tão família, tão acolhedor, tão sensível, tão sem vergonha, tão Brasil!, decreta para infelicidade geral da blogosfera*  que.....terá, como qualquer ser humano normal (!!!/), um leve recesso.
Esperamos, ansiosamente, voltar às atividades daqui duas três semanas, quando os olhos de cada um de nós se encherá de lágrimas de felicidade pelo retorno tão esperado.

Agradecemos a atenção de todos e, por favor, não reclamem.

Cinco beijocas, com Guaraná, pra vocês.


*que palavrinha FULEIRA.
!!! sim, blog também tem sentimentos.




sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Frustradas


Tema: Férias
Por Taffa
Mafalda de Férias; por Quino.

Certa vez minha família teve um ataque repentino de amor fraterno e todos nós resolvemos tirar férias de uma vez só. Na época eu ainda morava em Uberaba e quando meu pai me convidou para ir à Caldas Novas com tudo pago, aceitei sem titubear. Bem, na verdade descobri depois que o “tudo pago” nem era tão livre de despesas assim. Meio que propaganda enganosa, pois eu precisaria pagar o combustível da viagem e isso se mostrou mais caro do que o esperado, pois eu tinha de ir até Patos de Minas pegar minhas duas irmãs, meu cunhado e tia e levá-los comigo até o destino final. Depois de muita análise, aceitei o itinerário. No dia marcado levantei cedo e peguei a estrada. Durante a ida para Patos não houve nada tão complicado, exceto pelo fato de eu ter me lembrado apenas na metade do caminho que havia esquecido o calção de banho. Coisa típica de ex-gordinho que detesta clube e entra numa piscina só uma vez por ano.

Chegando ao primeiro destino, por volta das nove horas da manhã, encontrei minhas irmãs ainda dormindo nos quartos, descobri que minha tia havia ido ao sacolão de verduras e me contaram que meu cunhado havia sido proibido de ir, pois tinha feito falta de educação com uma amiga da mãe no dia anterior. Berrei carinhosamente minhas irmãs para se apressarem enquanto ia à feira procurar minha tia e na volta passei na casa do cunhado para conversar com a mãe dele e fazê-la deixar o garoto ir, pois minha irmã se recusaria a viajar sem o love.

Horas depois pegamos a estrada. Durante o percurso minha tia abriu o vidro de forma errada e isso fez com que ele ficasse travado, obrigando-a a passar toda a viagem levando bordoadas de vento na cara, além de fumaça de caminhão e, vez ou outra, algum inseto que se esmagava nas lentes dos seus óculos. Ao chegarmos na cidade ela já estava toda descabelada, eu me mostrava impaciente com o calor, uma das irmãs ameaçava o namorado caso ele olhasse para a bunda das mulheres e a outra estava eufórica querendo sair para a balada – isso ainda às três da tarde.

Encontramos o hotel após uma longa e tortuosa caminhada pelo inferno. Imagino que não exista outra palavra para descrever Caldas Novas, quão quente é. O pior de tudo é o fato de todas as pessoas serem turistas, o que faz com que ninguém saiba absolutamente nada a respeito de onde está ou qual caminho seguir para chegar aos lugares. Demos dezenas de voltas até encontrar o local certo e ao entrar no apartamento me deparei com aquela que foi, de longe, a pior surpresa da viagem: sem ar condicionado.

Depois das malas desfeitas e meus pais terem chegado, a galera foi pra piscina se besuntar de bronzeador e pegar aquela cor do pecado. Eu, que tenho herpes labial e sou o mais branquelo da família, me besuntei também, mas de bloqueador solar com fator de proteção 50. Então imaginem um ser já branco de natureza, quase transparente de tanto bloqueador e caminhando desengonçadamente pela orla da piscina: lá estava eu.

Falando em piscina, uma das únicas coisas boas de Caldas Novas é, sem sombra de dúvida, a piscina de água gelada. Digo isso porque é tudo muito calorento, chega a ser difícil de pensar. Imagino que seja por isso que as pessoas vão para um lugar extremamente quente nadar em piscinas quentes. É a única explicação. Ah, sobre o sol de lá, bem, de duas, uma: ou deve ser mais próximo à Terra ou talvez Deus utilize alguma lupa para intensificar os raios sobre aquele pedaço do mundo, porque aquele calor não pode ser normal. O ar é tão quente que você se sente numa sauna seca, mesmo debaixo de sombra. A calçada permite que ovos sejam fritos sem a necessidade de fogão. Quando você resolve fazer uma caminhada debaixo de sol, ao olhar alguns quarteirões à frente é possível visualizar miragens e, se você não for rápido, pode pegar uma insolação. Isso sem falar nos preços europeus que os comerciantes de lá cobram pela água mineral, chega a ser necessário encher as garrafinhas nas torneiras do banheiro, senão isso traria a falência de qualquer sujeito em menos de vinte e quatro horas.

Enfim, Caldas Novas, pra mim, é sinônimo de férias frustradas. Lugar onde eu não consegui me sentir bem e não sei se algum dia voltarei. Aliás, assim como disse o Ulisses outro dia desses: “férias é simplesmente não ir”, no meu caso, não ir para Caldas Novas (ou qualquer outro local onde o calor seja similar ao de um deserto), pois, caso eu vá para um lugar assim, vou precisar tirar, além das férias, outras férias das férias para que eu possa me recompor da decepção.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

De sensações


Tema: férias
Por: Rosana Tibúrcio

Férias boas, pra mim, não representam apenas dias sem trabalhar, estudar ou ficar sem compromissos.

Férias boas são sensações: de saber do uniforme da escola na gaveta - das brincadeiras na rua sem hora exata de parar - de estar nos jardins da avenida, mais vezes na semana - de tocar os cadernos e caixa de lápis de cor inteirinhos, novos e prontos para a volta às aulas - de ler as cartas do namorado - das leitura de romances na cama, pra depois dormir e sonhar com o princípio encantado - de comer os sonhos feitos pela avó - de jogar botões ou cartas, perder ou ganhar - do conforto da conversa  com amigas - de tirar fotos - de saber dias sem bater ponto - da ida ao cinema no meio da semana com namorado - da visita aos pais, cidade natal e amigos - do vento na praia com família - de tirar e ver mais fotos - de beber a cervejinha gelada em plena quinta-feira - de tocar as águas quentes da piscina - de sentir as águas frias do mar - dos sons dos risos - da sensação de andar a pé sem pressa e de mãos dadas - do tesão de fazer amor nas horas mais inusitadas - de sorrir muito - de gargalhar - de olhar sem pressa e feliz. 

Férias boas são sensações. Sensações que há anos não vivo, mas a memória sabe direitinho como é. Férias boas são sensações do coração, muito mais do que sensações da memória, na verdade. Na minha verdade, pois são sensações carimbadas, registradas e inesquecíveis.
Recomendo. A todos nós.


Uma linda quinta-feira pra todos vocês meus amores, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há, além de todas essas sensações, um convite às férias do Guaraná com Canudinho. Por uma semana que seja. Vamos??? 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pode ficar bem melhor



Tema: Férias
Por: Nina Reis


Quando penso na palavra férias, logo penso nesses três lugares

Caldas Novas – sinônimo de felicidade. Extremamente saudável as lembranças que tenho de lá. Saboreava os melhores cafés da manhã, aproveitava o quanto podia a água quente e me divertia com o dinheiro que meus pais me davam para me refrescar com os picolés e os sorvetes que havia no quiosque do hotel.

Brasília – 8 e 80. Vivi muitos momentos felizes em uma época muito difícil da minha vida.
Me divertia com a família e com os amigos. Até um namoradinho arrumei. Porém na maioria das vezes chorava e imaginava que todo o dia poderia ser o último da minha vida.

Borda da Mata – sinônimo de escolha. Escolha de um irmão que não é de sangue. Escolha de querer fazer parte da família e dos amigos do irmão. Escolha de querer ter meu próprio quarto na casa do irmão. Escolha de querer ser feliz em uma semana e ser.

Agora ficarei na expectativa para sair desse número três e acrescentar na minha lista, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Panamá, aliás, ficarei na expectativa também de ter férias esse ano.