Tema: Festa junina
Por: Rafael Freitas_
Por: Rafael Freitas_
Olhou-se no espelho e aprovou. Aquela devia ser a mais bonita da sua coleção de camisas xadrezes. Azul. Vários tons que se cruzavam sobre um fundo branco. Combinou-a com um jeans claro, acinzentado, cinto marrom com uma fivela acobreada e tênis cinza. Embora quisesse usar aquela velha bota do seu irmão, não era preciso exagerar.
Nunca entendeu seu gosto por festas juninas. Sua memória o desafiava, jogando as cartas na mesa. Uma partida só, ela insistia. E começava com a crueldade.
Na primeira cartada, a dor pungente de todas as quadrilhas que não dançou e dos peixinhos que não pescou. Seus pais se esforçavam para dar o melhor estudo aos três filhos. Assim, nem sempre sobrava dinheiro para algumas “regalias”. Como as roupas para a quadrilha, ingressos, essas coisas. Hoje ele entende. Aos oito anos era mais difícil.
Na segunda cartada, a frustração por nunca ter recebido um correio elegante. Até houve um, uma brincadeira de péssimo gosto. Maldade fazer isso com um adolescente que nunca foi o menino mais popular e bonito da sala.
A terceira carta era inofensiva. Mostrava todos os detalhes daquele seu porre na festa junina da faculdade. Do momento em que queria subir no palco, sabe-se lá pra quê, até a visão de seu corpo deitado no chão do banheiro da casa de quem sua memória julgava ser seu melhor amigo. Uma vergonha!
A quarta cartada foi apelativa. Trazia aquele rosto bonito. No dia daquela festa de São João. E cada expressão sua daquela noite mágica. A fuga dali, os 27 quilômetros naquela companhia, aquele bar com música boa e caldo de feijão na boca. O amor mais platônico e dolorido que tivera.
O que sua memória não sabia, ou talvez soubesse, mas gostava de blefar, é que nem em tempos de pouco dinheiro faltou carinho de seus pais na sua casa. Crianças não percebem, mas adultos sim. Que a história do tal correio deselegante foi tão insignificante que ficou esquecida por muito tempo. E só se lembrou dela para fazer rir. Que a família que presenciou aquele vexame alcoólico não era só a família do seu melhor amigo: era, e ainda é, sua família também. Tamanho o grau de amor, carinho e respeito que existe entre eles. E aquele rosto bonito deve ser bonito ainda. Mas ele prefere aquela sensação da língua queimando no primeiro gole ansioso de quentão.
E assim, sua memória desiste e lhe deixa ir. De camisa xadrez. Sem as botas. Vai ter quentão, vinho quente e canjica. E a possibilidade de um prêmio na pescaria (mas não que ele fosse pé quente). Vai com seus amigos.
Ele sabe como funciona a quadrilha. Um dia chove. Um dia uma cobra aparece. Noutro a ponte quebra. Mas nem sempre tem alguém pra gritar “É mentira”.
Nunca entendeu seu gosto por festas juninas. Sua memória o desafiava, jogando as cartas na mesa. Uma partida só, ela insistia. E começava com a crueldade.
Na primeira cartada, a dor pungente de todas as quadrilhas que não dançou e dos peixinhos que não pescou. Seus pais se esforçavam para dar o melhor estudo aos três filhos. Assim, nem sempre sobrava dinheiro para algumas “regalias”. Como as roupas para a quadrilha, ingressos, essas coisas. Hoje ele entende. Aos oito anos era mais difícil.
Na segunda cartada, a frustração por nunca ter recebido um correio elegante. Até houve um, uma brincadeira de péssimo gosto. Maldade fazer isso com um adolescente que nunca foi o menino mais popular e bonito da sala.
A terceira carta era inofensiva. Mostrava todos os detalhes daquele seu porre na festa junina da faculdade. Do momento em que queria subir no palco, sabe-se lá pra quê, até a visão de seu corpo deitado no chão do banheiro da casa de quem sua memória julgava ser seu melhor amigo. Uma vergonha!
A quarta cartada foi apelativa. Trazia aquele rosto bonito. No dia daquela festa de São João. E cada expressão sua daquela noite mágica. A fuga dali, os 27 quilômetros naquela companhia, aquele bar com música boa e caldo de feijão na boca. O amor mais platônico e dolorido que tivera.
O que sua memória não sabia, ou talvez soubesse, mas gostava de blefar, é que nem em tempos de pouco dinheiro faltou carinho de seus pais na sua casa. Crianças não percebem, mas adultos sim. Que a história do tal correio deselegante foi tão insignificante que ficou esquecida por muito tempo. E só se lembrou dela para fazer rir. Que a família que presenciou aquele vexame alcoólico não era só a família do seu melhor amigo: era, e ainda é, sua família também. Tamanho o grau de amor, carinho e respeito que existe entre eles. E aquele rosto bonito deve ser bonito ainda. Mas ele prefere aquela sensação da língua queimando no primeiro gole ansioso de quentão.
E assim, sua memória desiste e lhe deixa ir. De camisa xadrez. Sem as botas. Vai ter quentão, vinho quente e canjica. E a possibilidade de um prêmio na pescaria (mas não que ele fosse pé quente). Vai com seus amigos.
Ele sabe como funciona a quadrilha. Um dia chove. Um dia uma cobra aparece. Noutro a ponte quebra. Mas nem sempre tem alguém pra gritar “É mentira”.
Rafa! Valeu ter marejado os olhos. Lindo texto! Gente!!!
ResponderExcluirÔ, Helô! Assim ocê me deixa acabrunhado, uai!
ResponderExcluirEu resorvi que num vô trocá essa música, cásdiquê eu góstio dela demais, sô!
ResponderExcluirEsse desenho tá muito mais lindo que a outra foto (com todo o respeito). Ocêis dois di caipira!!Lindo!!!
ResponderExcluirÓia que já tem um tempu que eu não fazia uma dessas montage, sá Helô!
ResponderExcluirA Marina é uma fror de formusura, num é não, minha gente?!
ResponderExcluirADOREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI
ResponderExcluirQue foto é essa?
ResponderExcluirMijei de rir.
[Gírias capiras pra entrar no clima]
Urrul!
ResponderExcluirSeu moço que tem nome de golêro! Que bão que ocê gostô!
ResponderExcluirEssa montage é em homenage a minha amiga Nina Cagibrina, que tô um sardade!
Fioti, li seu posti lá na capitarrr e vi montagi di fotu angora. lindim.
ResponderExcluirAdispois eu vortu e falu mais tiquim. vou drumi perquê tô numa cansêra que cê só venu.
INté
Aném .. marejei as calças ashuhasuhasuhaua
ResponderExcluiressa foto quase me matou de rir.
.
Parei, li ..
e preciso dizer que não tenho leitura pra comentar um texto tão lindo ..
.
Amei demais.
pessoinhas .. olhem só ..
ResponderExcluirvou atender agora e volto às 19 pra postar ..
beijocas
.
nem fiz meu texto ainda .. a labirintite aguda me atacou
só pra constar que já no titulo eu fiquei nervosa.
ResponderExcluirdescobri fds passado que não tenho nada (NADA!!!!!!!) xadrez.
aí a pessoa me fala coleção de camisas xadrezes
ResponderExcluirxI
GENTE QUE LINDO
ResponderExcluirchoquei
porque tipos.. eu vi a imagem e pensei: zoação né.
ResponderExcluiraí eu li só a primeira frase do ultimo paragrafo, até 'cobra': pensei: zoação MESMO
mas tipo.. é lindo.
ResponderExcluire aposto que foi rafa quem sugeriu o tema porque ja estava querendo escrever isso aí lindo.
ou ja tinha escrito.
SAFADEZA!
PERI... era pra comentar falando rocês?
ResponderExcluirDESCURPA
O pEor é que fui eu mes' que sugeri o tema, maninha!
ResponderExcluir