Tema: tempo, falta ou excesso
Por Rafael Freitas_
Por Rafael Freitas_
Ele não gostava de relógios. Teve um quando adolescente, quadrado, dourado. Seu pai lhe dera. Disse que tinha sido do avô. Na primeira troca de bateria, encostou o objeto de família no fundo de uma gaveta.
O segundo também foi presente do pai. Esse era redondo, com pulseiras de couro pretas. A base onde os ponteiros brincavam era branca e o aro também dourado. Tanto ouro ao redor das horas para lembrar do valor que tinham, só podia. Mas este também foi parar na gaveta.
Andou querendo um daqueles coloridos, que se pode trocar as pulseiras. Aqueles, que já fizeram sucesso numa outra época. Imaginava a combinação de pulseiras de acordo com o seu humor. Para isso, as azuis, as verdes, as vermelhas e as cinzas seriam indispensáveis.
Mas não comprou o tal relógio. Nem se encantou por um outro de maneira que quisesse tê-lo. Continuaria a se orientar pelas horas no seu celular. Ou nas torres das igrejas.
Não se podia lhe atribuir a pontualidade de um inglês, é bom lembrar. Mas nem tão irresponsável era. Não se atrasava para o trabalho por falta de um relógio no pulso. Nem perdia seus ônibus rotineiros. Nunca perdeu uma festa, um casamento ou qualquer outro compromisso relevante.
Tampouco desperdiçava minutos. Talvez por isso parecesse tão agitado. Corria de um lugar para o outro. Mas evitava filas de banco e correios. Era abusar de um tempo que não tinha. Fazia seus telefonemas no caminho do trabalho para casa. Escrevia e respondia emails enquanto esperava a impressão dos relatórios de que precisava. No ônibus, lia ou tirava um cochilo. Ele sabia que, quando voltasse para casa, os minutos reservados para o sono seriam poucos.
E assim corriam os dias. E como corriam. Semifusas para um músico. Ele corria junto, acompanhando o compasso. Dançando conforme a música. Que não era valsa. Nem bolero. Corria para trabalhar. Corria para comer. Corria para se vestir. Corria para aprender. Corria para amar.
Corria sem aquele peso dourado no pulso. Não precisava daquele serzinho impaciente e irritante lhe jogando o tempo todo na cara o tempo que lhe faltava para tudo. Não é seu costume carregar coisas que não lhe são úteis. Para isso servem as gavetas.
O segundo também foi presente do pai. Esse era redondo, com pulseiras de couro pretas. A base onde os ponteiros brincavam era branca e o aro também dourado. Tanto ouro ao redor das horas para lembrar do valor que tinham, só podia. Mas este também foi parar na gaveta.
Andou querendo um daqueles coloridos, que se pode trocar as pulseiras. Aqueles, que já fizeram sucesso numa outra época. Imaginava a combinação de pulseiras de acordo com o seu humor. Para isso, as azuis, as verdes, as vermelhas e as cinzas seriam indispensáveis.
Mas não comprou o tal relógio. Nem se encantou por um outro de maneira que quisesse tê-lo. Continuaria a se orientar pelas horas no seu celular. Ou nas torres das igrejas.
Não se podia lhe atribuir a pontualidade de um inglês, é bom lembrar. Mas nem tão irresponsável era. Não se atrasava para o trabalho por falta de um relógio no pulso. Nem perdia seus ônibus rotineiros. Nunca perdeu uma festa, um casamento ou qualquer outro compromisso relevante.
Tampouco desperdiçava minutos. Talvez por isso parecesse tão agitado. Corria de um lugar para o outro. Mas evitava filas de banco e correios. Era abusar de um tempo que não tinha. Fazia seus telefonemas no caminho do trabalho para casa. Escrevia e respondia emails enquanto esperava a impressão dos relatórios de que precisava. No ônibus, lia ou tirava um cochilo. Ele sabia que, quando voltasse para casa, os minutos reservados para o sono seriam poucos.
E assim corriam os dias. E como corriam. Semifusas para um músico. Ele corria junto, acompanhando o compasso. Dançando conforme a música. Que não era valsa. Nem bolero. Corria para trabalhar. Corria para comer. Corria para se vestir. Corria para aprender. Corria para amar.
Corria sem aquele peso dourado no pulso. Não precisava daquele serzinho impaciente e irritante lhe jogando o tempo todo na cara o tempo que lhe faltava para tudo. Não é seu costume carregar coisas que não lhe são úteis. Para isso servem as gavetas.
Nada Tanto Assim
ResponderExcluirKid Abelha
Composição: Leoni / Bruno Fortunato
Só tenho tempo pras manchetes no metrô
E o que acontece na novela alguém me conta no corredor
Escolho os filmes que eu não vejo no elevador
Pelas estrelas que eu encontro na crítica do leitor
Eu tenho pressa
E tanta coisa me interessa
Mas nada tanto assim
Só me concentro em apostilas, coisa tão normal
Leio os roteiros de viagem enquanto rola o comercial
Conheço quase o mundo inteiro por cartão postal
Eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal
Eu tenho pressa
E tanta coisa me interessa
Mas nada tanto assim
Eu tenho pressa
E tanta coisa me interessa
Mas nada tanto assim...
Eu gosto de relógios. E já tive dois desses que trocam pulseiras.
ResponderExcluirPorra meu, escrevi isso aqui com o link de outro blog. Descobri a senha hoje... hehe
E esse "serzinho"? Tirou do baú dos tempos antigos...
ResponderExcluirPost mais romãntico, vamos combinar.
Vamos combinar: semana de tema sobre tempo no Guaraná só porque eu estou completamente sem tempo?
ResponderExcluirÉ karma.
Post da laureis ficou lindo!
ResponderExcluirPost do Ráfa também.
Beijos, Guaranetes!
há tempos não uso relógio no pulso.
ResponderExcluirme oriento pelo celular.
.
gosto mais.
beijocas
E essa imagem linda? hummm cuti cuti...
ResponderExcluirNão, mainha!
ResponderExcluirEsse "serzinho" não é o Paquitinho! Era só pra ficar levemente pejorativo. rs
Falta de tempo, Brant?
ResponderExcluirBem-vindo ao clube!
Parece que não respondi a um email por falta de tempo, né Narainas?
ResponderExcluirrs
Saudade!
Putz Rafa! Que texto!
ResponderExcluirSra revisora de trabalhos acadêmicos! Né possíver que vc não vá convencer esse pessoal (Rafa, Laura e outros) a fazer uma compilação (ui! ainda existe essa palavra?)desses textos!
ResponderExcluirQUE CHICK
ResponderExcluirto amando muito seus posts
ResponderExcluire eu acho relogio de pulso super inutil
ResponderExcluire o lance das combinações é muito gay.
ResponderExcluirSUA CARA
mas penso que nao gosto de relogio porque sou magrela e fica aquela coisa enorme ocupando espaço no meu braço.]
ResponderExcluire também porque eu nao sei olhar horas em relogio analogico. ;)
essa pessoa do texto é você?
ResponderExcluirchamei não.. porque o post foi meio hetero
ResponderExcluirdsiusdhiusdahiusadh
ResponderExcluirEU CONSEGUI!
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