Tema livre
Um ser... "sublime". Era assim que aquele gato se intitulava. Na
verdade, admito, ele era um bicho um tanto incomum. Possuía traços suaves e
rudes ao mesmo tempo, combinando patas e coxas grossas com uma pelagem densa e macia,
colorada num tom excêntrico, meio indistinguível, nem loiro, nem castanho. O
tal gato era um danado. Intenso que só. Sua maior característica, por mais
controversa que fosse, o tornava o oposto da discrição felina que podia ser
observada nos demais da sua laia. Ele era vivaz, ligado no 220, fazendo jus
àquela lei de viver cada momento como se fosse o último; todavia, acabava se
mostrando um tanto desatento, meio aéreo e desajeitado, ou, vai saber, apenas
fingia que era assim.
Do outro lado da rua onde morava, vivia um cachorro conhecido
pelo seu jeito mal-encarado. Enquanto os demais cães brincavam animadamente
pelas calçadas, ele preferia ficar quieto, sentado, sempre meditando e imerso em
seus pensamentos, como se observasse e analisasse cada um dos outros animais do
lugar. Vez ou outra ele se levantava, dava umas voltas e latia uns bons papos com
alguns cães e gatos amigos, mas sempre retornava ao seu posto de esfinge, protegendo os domínios de todos os animais daquela rua.
O cachorro era grandalhão, de cara feia e facilmente distinguível
por causa dos seus pelos grisalhos e desgrenhados. No fundo, aquele animal não
era ruim, apenas havia passado por algumas situações na vida que acabaram
moldando seus traços em algo mais sério e ponderado. O interessante era que ele, mesmo
sendo um cão, acabava tendo mais amigos felinos, coisa que nem ele sabia
explicar o porquê; enquanto o gato, serelepe que só, adorava ficar brincando
com os outros cães – e quase sempre ganhando, qualquer passatempo que fosse.
Certo dia, o gato encucou que o cachorro deveria viver mais,
então passou a se inteirar dos seus papos enquanto o chamava para passear pela
avenida. O cão, a princípio, recuou, mas, após uma série de tentativas, acabou cedendo
às investidas do felino para entender quais eram suas intenções. Tal foi sua surpresa
quando o gato o mostrou que, além daquela avenida, havia dezenas – se não
centenas – de outras espalhadas pela cidade. Junto a ele o cão viu, pela
primeira vez, as luzes dos faróis dos caminhões que passavam rapidamente pela
rodovia. Conheceu, dentre outras coisas, a vida fora dos limites do bairro, passando
por diversas estradas de chão, vielas escuras e locais improvisados, chegando à
linha do mesmo horizonte que antes ele apenas mirava pensativo.
O cachorro, por sua vez, mostrou ao gato que tudo aquilo também
era um assunto de seu domínio, mesmo que mais pro lado teórico. Falou sobre a vida, o universo e o tempo como se
fossem uma coisa só. Contou pra ele sobre suas experiências e defendeu seus
pontos de vista, admirando-se ao ver que o gato, por mais aluado que parecesse,
possuía um estilo próprio de pensamento, com suas filosofias e sólidas
convicções.
Desde então, ambos passaram a ser vistos juntos por aí. Um meio
que preenchendo no outro aquela lacuna que antes existia. O cão parou de apenas observar
e passou a viver toda a vida que existia diante de seus olhos; já o gato, antes
tão leviano e contraditório, aprendeu a meditar e enxergar na ponderação um
caminho que antes era desprezado. O que aqueles dois não sabiam, ou talvez fingissem não saber, era que se somavam, formando um todo homogêneo bem maior que
as duas partes separadas. Aquele gato de coração grande e atitudes desajeitadas era, em essência, um cachorro no corpo errado; enquanto o cão, em contrapartida, possuía uma alma de gato.
Um mês depois, eis que o Guaranete da sexta aparece!
ResponderExcluirUm beijo pra quem não vier brigar comigo.
ResponderExcluirAi, coisa mais linda!!!!
ResponderExcluirQue fofis... que declaração mais fofis!!
ResponderExcluirVou ter que explicar, de novo, que esse cachorro não tem cara de mau? Ele só acha que tem?
ResponderExcluirEntão, esse gato era safado?
ResponderExcluirTenho mais medo de gatos que de cachorro.
Gato faz mais estrago.
O gato e o cachorro, casal do século XXI, viveram felizes para sempre.
ResponderExcluirMiau, au au... Au Au uaiM!!
Quem arruma a bagunça do gato?
ResponderExcluirQuem faz comida pro cachorro?
Oinnn!!
Que lindo... nao dou conta de falar nada... o gato, vai amar um pouco, o tempo todo, o cachorrooo... felizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
ResponderExcluirmiau au au!
ResponderExcluirrs!
Óun!
ResponderExcluir"Aquele gato de coração grande e atitudes desajeitadas era, em essência, um cachorro no corpo errado; enquanto o cão, em contrapartida, possuía uma alma de gato."
ResponderExcluirIsso é o que eu chamo de fechar com chave de ouro!
gente eu já falei que esse texto foi só amor
ResponderExcluirque.coisa.mais.linda.
ResponderExcluiradorei e queria ter escrito proceis ah nem
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