segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Só a bailarina que não tem

Tema: Casos de Família
Por Laura Reis

Irmão caçula novo que causa intriga entre os demais. Irmão mais velho que acha que pode sair distribuindo conselho. Marido que deixa toalha em cima da cama e minutos depois reclama que esposa deixa os saltos no meio da sala. Filho que usa o pano de prato para enxugar as mãos. Todos que deixam a louça para depois. Comida com cebola que um não gosta. Bacon no feijão do que quer ser vegetariano. Irmão que come o pão integral da irmã que começou a sétima dieta do mês. O esquecimento da compra do leite integral para a vó. O vô que dorme enquanto todos gritam à mesa. O tio inconveniente que dá notícias sem o tom correto. O sobrinho que bebe pela primeira vez e dá vexame. Os primos que trocam beijinhos antes da puberdade. A mãe que liga insistentemente quando passa da meia noite. O discurso do pai sobre a saia curta. O silêncio pesado no café da manhã. A conversa fiada que resulta em grito e algum choro, no domingo. Os elogios ao almoço da vó que não chegam perto de qualquer arrumação da mesa ou limpeza da louça. A birra para não tomar banho. A birra pra não comer verduras. A foto completa e oficial da família em que um sai de olhos fechados e outro falando. A má resposta da prima pequena. O chute da bola que acerta o primo mais quieto. O “tô de mal” que um dia esquece ter existido. O Natal em que todos se isolam. O aniversário que, se esquecido, ganha em troca um ano em silêncio. As roupas iguais que só mudam a cor, para as primas de mesma idade. A tia que manda bom dia com imagens bonitinhas, todos os dias, e nunca perguntou se você está bem. A vó que acha que engordar é ficar saudável. O tio que aponta um defeito novo a cada dia (ou o mesmo, sempre). Um irmão postiço. Os comentários maldosos da prima. A necessidade de estar namorando, noivando, casando, tendo filhos e dando irmãos pros filhos. O par de meias ganhado de Natal, tal qual do ano anterior. A fase da rebeldia: fugir de casa, namorar escondido, bater portas. A mãe repressora que era livre na juventude. A mãe que era reprimida na juventude e liberta suas crias. E continua. Afinal, problema na família: quem não tem?

9 comentários:

  1. E eu tentando entender o título enquanto lia. Suspense até a última frase. Texto muito bem feito. Parabéns.

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  2. Você e seus textos. Adorei .. só ela que não tem :)

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  3. Gente, você não esqueceu de nada, maninha!

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  4. Hum... talvez de um irmão postiço. Quem não tem? rs

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  5. Amei o texto... Dá para ver as cenas.... O título me chamou a atenção. Como não sabia do seu blog?!?!?!?! Xeretando!

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  6. Oi Lu!!!
    Adorei sua visita aqui!
    Na verdade, adoramos: Laurinha, a autora desse texto, Marina, Rosana e eu! Volte sempre e pode xeretar!

    beijão!

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