quarta-feira, 27 de março de 2013

O Mutirão da Chica


Tema: Uma letra por frase
Por Vanderley José Pereira


 –Aonde tá o armoço? – perguntou José, homem simples do campo.
 –Baião, carne e mandioca é o que fiz hoje. – respondeu Chica, sua esposa, pelo menos uns vinte anos mais nova que ele e com no mínimo vinte dentes a menos também.
Imagem da minha casinha..
#VidaInteriorana
 –Couve cê num fêis?
 –Donde tem couve, home? Esqueceu, os bicho comeu tudo. Foi tudo goela da mimosa abaixo.
 –Gueroba tem?
 –Home de deus, cabo tudo.
 –Intão vamo boiá, que temo trabalho demais.

   Já quase terminando o almoço, chegam os familiares de dona Francisca, vindos da cidade grande. Kinderovo, Choquito e Nutela foram alguns dos mimos que eles trouxeram para aquele casal interiorano e simplório. Longe deles, dona Francisca ordenou rapidamente seu marido.

  –Mata umas galinha e cóie o jerimum para eu fazê um doce, com a rapadura prês.
 –Num seria mió fazê um doce de leite pra comê com queijo?
 –Ocê num lembra que vendemo o queijo pra comprá ração pro gado?  Pelamor de Deus, vai logo e pega o jerimum! Quero recebê minha famía bem, home. – disse dona Francisca, já exaltada e nitidamente com vergonha situação que se encontrava.

   Risos e gargalhadas marcaram o encontro da simplicidade com a bonança. Sentindo a falta de jeito dos anfitriões com a situação em que se encontravam ao recepcioná-los, os familiares de dona Francisca se compadeceram. Todos disseram, concomitantemente, que ficariam o fim de semana e que iriam à cidade fazer umas compras, pois haveria um mutirão ali.

   Uns homens, já naquele momento, foram buscar enxadas e ferramentas de todo tipo em seus carros, enquanto outros montaram barracas e outro grupo foi rumo à cidade.

 –Vamu ajudar, Zé. – disse dona Chica com lágrimas nos olhos. 

  Willian, sobrinho do pobre casal, registrava todos os acontecimentos – pretendia fazer um documentário para a faculdade de cinema. Xícaras, forno à lenha, porteiras, roda d’água, nada escapava das lentes famintas daquele jovem. Yin yang era o nome que escolhera para o documentário, pensando na diferença do casal e no quanto eles se completavam ao mesmo tempo. Zé fazia poses e Chica o chamava a atenção...

À noite, já no último dia, todos viram o resultado do documentário. Bailaram ao som da viola, festejando a benfeitoria. Cantaram muitas músicas sertanejas, em especial "Franguinho na panela" - Zé   falava com lágrimas nos olhos que aquela música era seu sonho. Dançaram forró pé de serra. E, na manhã seguinte, com a casa já posta em ordem, foram embora.  Ficaram apenas Chica e Zé. Gratidão inundava a feição do casal. Havia também um semblante de vergonha, escondido pelo sorriso verdadeiro, banguela e aberto de Dona Francisca. Iam dar seguimento àquela vida pacata e simples, podendo, finalmente, almoçar sem terem medo de não jantar.

_______________

   Bom dia A todos. Hoje a Beleza, a simplicidade e a ingenuidade da vida interiorana mostrada em uma narrativa rápida e única. Baseado em fatos reais. Estrelando Chica e Zé como protagonista. Participação especial De Willian, como Sobrinho. SomentE nesta quarta no Guaraná com Canudinho. ConFira! 

Limão!!!

19 comentários:

  1. Coincidência ou destino... No texto da Laura tinha um Willian, será que é o mesmo que está aqui? Será que ele pegou aulas com Rafael de como escrever cartas de amor e testou, justamente, com a personagem criada pela LaurinhaZinha???

    Será que os próximos textos vão repetir esse personagem coincidentemente?

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  2. Obrigado pela correção e ajuda na última frase!

    Aliás, venho agradecer publicamente pelas correções em todos texto, feitas gentilmente por você, Taffarel, para esse pobre Limão...

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  3. Adoro textos caipiras, a linguagem caipira.

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  4. Mas ri quando limão misturou "Yin yang" com "Mata umas galinha e cóie o jerimum para eu fazê um doce, com a rapadura prês."

    O que a pessoa não faz para cumprir o proposto, né minhas gentes??

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  5. Comida de cidade grande "Kinderovo, Choquito e Nutela" perde pra comidinha da fazenda.

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  6. Que judiação, Limão, deixou a mulher sem dentes... hahaha eu ri. Fiquei com um dó, mas ri.

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  7. E o Limão quase fez três posts... Olha, custei a fazer um. Dois, né? Mas perdi o meu do ônibus.
    É muito complicado esse trem.

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  8. Tio Limão, eu tô aqui na Tia Rosana, tá? tô lendo os posts de todo mundo. Beijo procê que perguntou pra mim um dia aí qualquer.

    Aninha

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  9. Pena que nem todos os parentes das pessoas mais simples sejam assim, né?

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  10. E só eu fiquei curioso com a informação "baseado em fatos reais"?

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  11. E não tem como não comentar isso da facilidade do Limão com a temática!

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  12. A facilidade com o abc e parte de mim.
    baseados em fatos reais, ´pois muito desse texto eu vivi.
    coisas do meu passado, com pitadas de imaginaçao
    Desta coisas reservo bom espaço de minha memoria
    e por falar em memoria, essa semana podia ter rimas da MeNina
    Falta danada ela nos faz
    Gosto muito dela nao posso negar
    honras deve ser dada aos versos dela
    igualzinho eram meus versos quando crianças
    kkkkkkkkkkkkkk
    lamentavelmente vou indo, pq estou com preguiça de terminar de publicar esse comentários
    mas cumpri o proposito de chegar ate aqui
    nunca desisto
    olha, me desculpe pelo erros e falta de pontuaçao
    preguiça e o que tenho
    quero me despedir
    tchau

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  13. Só eu, ou mais alguém sentiu falta de outro marcador como: vida caipira,vida simples, vida rural, vida interiorana, vida da roça, vida da fazenda ou outro do gênero.

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  14. história boa é história que termina com exclamação na assinatura

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  15. "Mas ri quando limão misturou "Yin yang" com "Mata umas galinha e cóie o jerimum para eu fazê um doce, com a rapadura prês."

    hahahah

    mim tb

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  16. e só você sentiu falta disso hahaha
    do marcador, digo.

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  17. mas muito delícia isso de família.
    família normalmente é só problema e briguinhas, vamos lá.
    essa ficou lindona.

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