quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Do "bêbê"

Tema: banco
Por: Rosana Tibúrcio


A primeira vez que fui a um banco eu era bem novinha; fui pagar uma taxa qualquer. Estranho é que do valor e do quê, não me recordo, mas da sensação que senti sim e de todos os pensamentos que me vieram à cabeça: fiquei adulta; consigo pagar uma taxa; não estou me atrapalhando na fila; vou trabalhar aqui um dia.

E das filas que atualmente detesto, fiquei bem feliz naquela tão demorada, pois pude observar "meus futuros colegas": as roupas, a postura, a confiança dos gestos, o jeito de pegar nos papéis, de lidar com as máquinas de somar e escrever. E pensava mais: vou passar num concurso, não vou ter dificuldade de trabalhar aqui pois sou muito boa pra somar e datilografar. Vou ser bancária pro resto da vida, me aposentar nesse banco. Afinal, um dos melhores empregos àquela época era ser bancária daquele banco específico. O Banco do Brasil era um pai pra seus funcionários.

Quando chegou minha vez, fui muito bem atendida no caixa. Ao terminar o atendimento trocamos agradecimentos e me despedi com um "até mais colega." O caixa, de quem nunca me recordei a fisionomia, me sorriu meio espantado e não disse nada.

Anos depois, realizei aquele meu sonho e fui trabalhar no BB; naquela agência apenas quase sete anos depois. Nunca descobri quem foi o caixa que me atendeu e poucos colegas souberam do ocorrido...

Passado mais alguns anos descobri que não há pai bom em meio a tanta grana, poder, politicagem e falcatruas. O sonho de me aposentar bancária foi substituído por uma demissão "voluntária". E hoje, quando volto às filas daquele mesmo banco, sinto saudade do meu sonho de juventude, de alguns colegas, clientes e serviços... e nenhuma saudade do clima tenso que existe por detrás daquelas bancadas, mesas, terminais e cobranças.

O que sinto de mais forte nessas horas é orgulho de ter trabalhado naquele banco por mais de quinze anos e certeza de que sonho bom é sonho realizado.


Uma linda quinta-feira para todos vocês, meus amores, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há saudade do meu Banco querido... 

6 comentários:

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