quinta-feira, 18 de abril de 2013

Abraço a três

Tema: me lembra algo bom
Por: Aninha


Sempre que meu avô me abraça eu me lembro de minha avó. É como se estivéssemos nós três ali, num mesmo abraço. Estamos. E ele se lembra dela também, eu sei. Um dia ele falou isso... mas falou dormindo.

Meu avô conversa dormindo, muitas vezes acho engraçado; outras vezes acho triste e choro um pouco de saudade. Vovô dormindo briga com os matutos da fazenda e faz declaração de amor pra minha avó. Tudo numa dormida só.

Ontem mesmo ele dizia, quando tirou uma soneca depois do almoço: "sai pra lá seus matuto, vão trabaiá que eu pago ocês pra isso. Vão tirá leite das vaca, vão coiê os mio." Meu avô é do Acre, mas fala caipira feito mineiro. Eu acho graça!! Nessa hora eu achei graça, mas num minuto depois eu chorei, pois meu avô disse: "minha véia, não aguento lidá sozinho com esses matuto e eu morro de saudade docê, se não fosse pela Aninha eu pedia pra Deus me levar pra nóis proziá de pertim." Tem coisa mais triste que isso???

Mas não foi ontem que eu soube que meu avô, ao me abraçar, lembra de minha avó. Essa lembrança eu tenho de quando eu era muito menor do que sou hoje, eu tinha mais ou menos uns três aninhos e meu avô disse isso numa madrugada no dia da missa de sétimo dia de minha vó: "ahhh minha amada Ana, agora eu tô sozinho, só não tô mais sozinho porque tem nossa Aninha pra me consolar e é nela que deposito minhas esperanças para viver a cada dia. É quando abraço nossa neta que me lembro mais de você, pois ela tem o cheiro de seus cabelos do dia que te conheci, bate os dedinhos da mão direita no meu ombro como se tocasse piano e porque ela, quando me abraça, suspira e fala: 'que saudade da vovó, vovô'. Ah, minha véia, se não fosse nossa neta..."

Só que meu avô toda vez que me abraça diz: "que saudade de sua vovó, Aninha querida."

E nesse impasse (sim, Tio Rafa, eu sei escrever impasse, como sei escrever intriguista hihihi) eu nunca sei quem começou a dizer que no nosso abraço - meu e de meu avô - lembramos de minha avó.
Afinal, meu avô anda meio esquecidinho e eu sou muito novinha para lembrar, exatamente, o que aconteceu quando eu era mais pititinha.

Não importa, só sei que ao abraçar meu vô Joaquim Juvenal eu me lembro de algo bom, me lembro de minha vó Ana, da risadinha dela e do jeito que ela fazia com os dedos da mão direita quando abraçava nós dois.

Falando nisso vou lá abraçar meu vovô pra sentir a presença de minha vovó e fazer meu velhinho ficar feliz como eu, pois vai se lembrar de algo tão bom: do nosso abraço a três!!


Um lindo restinho de quinta-feira pra todos vocês, meus amores, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há saudade e oportunidade de vocês conhecerem o outro lado de Aninha: a menina de múltiplos sentimentos e cores. 



11 comentários:

  1. Oie!

    Saudades de comentar aqui, mas estou sempre acompanhando tudo! Mas nesse relato da Aninha, não pude ficar sem comentar!

    Linda história! Que saudades dos meus avós maternos!

    Bjos!

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  2. Eu tive uma avó (materna) sem avô e um avô (paterno) sem avó. Quando criança, queria juntar os dois.

    HAHAHAHAH

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  3. Oi, Karina, eu te vejo muito aqui, mas acho que nunca num post meu. Obrigada.

    Oi Tio Taffa casadinho. Saudade de você.

    Tia Rosana manda dizer que está doentinha, muito gripada, com dor de cabeça e tristinha. Ela tá carente hihihihi
    Ms manda beijo gripal pra todos.

    Aninha

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  4. ah nem, aninha.... que lindinha você é

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  5. lendo esse post seu até parece que você tem um coraçãozinho aí

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  6. Eu sempre soube que essa menina era tão fofa quanto esperta, gente!

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  7. E que bonitinho ter me citado!
    Claro que vc saberia escrever impasse. Conta pra gente de onde vem esse vocabulário, menina!
    Vc faz palavras cruzadas com seu avô???

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  8. Gente, a Aninha foi fofa dessa vez, vamos combinar.

    Quase dei um ctrl C Ctrl V pro meu post - chato, mas verdadeiro - de hoje.

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