Tema: Retrato falado
Por: Aninha
Oi gente, tudo bem? Aposto que todos estavam com saudades de mim. E né? Tia Rosana só insiste para eu fazer uma composição no Guaraná quando o tema é complicado.
- Aninha, você sabe o que é retrato falado?
- Tipo desenho animado, Tia Rosana, (disse isso brincando, tias e tios velhos)
- Não Aninha, deixa que te explico. (ela não entendeu, meu Deus... e me explicou!!)
E eu, menina compassiva com os mais velhos fiquei ouvindo aquilo tudo. No final da explicação visualizei, mentalmente, uns cinco retratos falados dela: os cinco com gesso nos braços, pernas, pescoço. Pois minha nossa, em que mundo tia Rosana vive?
Mas vou contar a única experiência verdadeira que tive na vida em relação a retrato falado. Vamos lá.
Quando eu era mais menorzinha do que sou, lá no Acre, houve uma ocorrência que assustou minha cidade inteirinha. As moedas sumiram dos cofrinhos das casas, das gavetas de madeiras das mercearias, dos bolsos das vovós e dos vovôs. Não havia uma única moeda pra contar a história do banco central e tal...
Alguém então disse que ouviu alguém contar que uma criança num sei das quantas tinha vista o tal meliante roubando pratinhas do avô. Do avô Joaquim Juvenal. Qual o quê? Sobrou pra mim. Em meio a tantos "Juvenais" e "Joaquins" por que o meu avô?
Me levaram pra um lugar feio, de nome delegacia, com o vovô pra me servir de companhia. E foi nesse dia inocente que fiquei sabendo VIU TIA ROSANA? o que era retrato falado. E fui dizendo o que eu me lembrava. Tinha uma cartola vô que caiu no chão porque ouvi o homem de sapato feio e furado dizer: caiu minha cartola, tenho que voltar. E ele fedia vovô. O desenhista de retrato falado pouco olhava para o meu rostinho e continuava rabiscando: como se ele escrevesse minhas palavras nos traços que fazia. O que mais? perguntou o vovô, Tinha uma maleta feia e uma blusa vermelha fedida com uns botõeszões amarelos e feios e fedidos. Tá, menina, mas além da roupa, o que mais você se lembra? Nariz, boca, olhos? Ah, o nariz era estranho, com uns óculos na ponta e porque misturava com a boca grande feito bico de pato. Os olhos eram grandões arregalados e ele tinha cabelos meio cacheados por baixo da cartola fedida. Ah, não é parte do corpo dele, vô, mas ele usava uma bengala fedida.
Depois que eu falei uns quinhentos fedidos o moço desenhista parou, olhou pra mim e me perguntou: como era esse fedido do homem, menina? Era cheiro de quê? E eu disse: de pum, de pum ruim, passado e fedido, moço. O moço desenhista arregalou os olhos, acabou uns rabiscos e perguntou: é esse hominho aqui, menina? E eu disse: sim, é esse velhinho fedido.
Meu tio e minhas tias velhos, essa foi a primeira e última vez que vi meu avô Joaquim Juvenal bravo comigo. Ele gritou: Aninha, para de brincadeira esse aí é o... antes dele completar o nome eu me assustei com aquele gritão, dei um pulo e acordei dum sonho ruim. Cai em cima da minha coleção de revistinhas preferidas. Era só um pesadelo.
Apesar do susto, depois que acordei eu sorri contentinha porque amo meu personagem predileto e amo meu avó que também solta uns puns fedidos. Aposto que ele passou pelo meu quartinho e aproveitou que eu estava dormindo... para soltar uns dele.
Pronto, meus tios e tias velhos vocês já sabem quem é o
meu personagem do retrato falado tão famoso pelos puns e pratinhas que tem?
Se não, voltem a ser crianças que só faz bem... eu garanto!
Uma linda quinta-feira para todos vocês, meus amores, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há a inocência de Aninha sim, e se reclamar, semana que vem tem mais.