quarta-feira, 10 de julho de 2013

Negócio da [china] Chica

Tema: vende-se
Por: Vanderley José Pereira
Eu usei e você?
CLAP, CLAP, CLAP, CLAP –  Ô de caaasa?

CLAP, CLAP, CLAP, CLAP, CLAP – insistentemente, o som das palmas já ecoava por todo lado – Ô de caaasa?

– Opa!

– Bom dia, senhora!

–  Bom dia. Qual seu nome, seo moço?

–  Washington. Senhora, desculpe incomodá-la, mas venho de Brasília, capital federal e trago comigo o que há de mais novo em se tratando de saber. Tenho aqui por um preço camarada uma coleção Barsa, completa, ao todo 22 volumes. A senhora terá o privilégio, caso queira adquirir, de ser a pessoa mais bem informada da região, uma vez que o exemplar mais próximo dessa magnífica coleção se encontra em Goiânia. A mesma está ofertada por apenas 1278 reais.

–  Quero não, seo moço, nem sei lê.

–  Mas senhora, essa coletânea é ótima, diria até que é um investimento.

–  Brigado moço, mas nem tenho essa dinherama toda.

–  Senhora, vejo que é uma pessoa humilde e que tem fome de saber, somente para senhora, farei por 1270, incluindo uma bíblia sagrada e um catecismo, inteiramente grátis. Por sinal, qual o seu nome?

–  É Chica. Uistuns, é esse seu nome, num é? Eu vou querer não. Só tenho o dinheiro da fêra.

–  Desculpe a insistência, mas pense nas crianças, nos seus filhos, ou mesmo em seus netos. Essa obra é histórica, tem tudo: desde fatos históricos, a viva marinha, passando por formulas químicas e físicas. Última oportunidade, e aí, quer?

– Uai, moço, acho que vou querer, mais o senhô parcela?

– Senhora, pense comigo, a senhora parcela uma receita de bolo? A senhora parcela o aprendizado da mesma? Numa semana aprende os ingredientes e em outra o modo de preparo? Não, não é mesmo? Do mesmo modo, não é possível parcelar.

– Verdade senhor. Conhecimento a gente num parcela. Mesmo num sabendo ler, vou ter o conhecimento. Vou deixá as visita tudo de zôio aberto ao ver a quantidade de conhecimento na minha casa na estante. Mas eu só tenho o dinheiro da fêra, e nem de perto chega nisso.

– Senhora, por favor, sejamos razoáveis, a senhora deve ter algo de valor?

– Toma aqui, seu moço. O que tenho e esse colar que meu paizinho Sabiá me deixou, deve ter algum valor.

– Mas senhora... Vai se desfazer da joia de família que está no seu pescoço?

– Uai moço, é o que tenho. E tome o dinheiro da fêra, deve dar o valor dos livros.

– Senhora, parabéns. Você está a partir de agora no seleto grupo de possuidores do saber.

– Brigado.

(quatro horas mais tarde)

“ Agora sou chique tenho o saber na sala”, “Acho que vou fazer um escaldado...” , “Ixe, num posso, o fubá acabou”, “Acho que vou fazer, um bolo...”, “Ixe num posso, a farinha acabou”, “O que fiz? O que vou fazer?” – Pensamentos aleatórios e arrependimentos passaram na cabeça de dona Chica.

Continua...
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Oi, gente! Hoje mais uma das desventuras da nossa guerreira do sertão, Chica!
Beijos

Limão

9 comentários:

  1. eu achava dus mais bão encontrar as coisas nos livros. achar primeiro o livro da letra que eu precisava...

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  2. chica fez um bom investimento.
    enquanto isso vai se alimentando de água, não é mesmo?

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  3. moral da história a chica e consumista, assim como toda mulher, ela é compulsiva.

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  4. eu estudei muito na barsa, só parei quando entrei na faculdade. Sou uma pessoa que teve dificuldade de adaptação com a internet.

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  5. Se pelo menos a Chica tivesse um filho/neto, uma horta no quintal, mas não, o Limão é cruel cas história dele...


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  6. Por isso odiei o vendedor.

    Da Barsa eu gosto. Aliás, eu tenho a Barsa aqui em casa. Iurúúú!!

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